Veja comentário de Luis Otávio Leal, economista-chefe da G5 Partners

Uma image de notas de 20 reais

Crédito: Bruno Peres/Agência Brasil

São Paulo, 29 de janeiro de 2025 – Como amplamente esperado pelo mercado, assim como peloseconomistas, o COPOM subiu os juros em 1,00 p.p., de 12,25% a.a. para 13,25% a.a., mantendo apromessa feita na reunião de dezembro. Dessa forma, a primeira reunião de Gabriel Galípolo comopresidente do BCB, transcorreu sem intercorrências, apesar de demorar um pouco mais do queesperado

– No caso do Comunicado, apenas mudanças pontuais com relação ao da reunião anterior. Até ainflação do seu modelo para o segundo semestre de 2026, o horizonte relevante para políticamonetária atualmente, se manteve em 4,0%. O que, não necessariamente é uma boa notícia por doismotivos. Primeiro, porque, subir os juros e não ver a inflação projetada convergir para meta nãoé um bom sinal. Segundo porque a inflação se manteve estável, mesmo com a pesquisa Focusindicando um shift na curva de juros de 1,5 p.p.. Com 2025 passando de 13,50% a.a. para 15,00% a.a e2026 de 11,00% a.a. para 12,50% a.a..

– Para não dizer que não tivemos mudanças relevantes, apesar do balanço de riscos permanecer comuma assimetria altista, os dois riscos de baixa mudaram. Um passou a ser impactos sobre o cenáriode inflação de uma eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada doque a projetada indicando uma preocupação com o impacto do nível atual de juros na economia. Jáo outro foi escrito um cenário menos inflacionário para economias emergentes decorrente de choquessobre o comércio internacional e sobre as condições financeiras globais. Esse último éinteressante porque mostra o BCB preocupado não apenas com os riscos inflacionários da políticatarifária de Donald Trump, mas também com seus possíveis efeitos deflacionários

– Por fim, talvez a maior curiosidade dos mercados, acabou sem surpresa. Ao colocar que Diante dacontinuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em seconfirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião, ele confirmaque, a barra para sair do cronograma de duas altas de juros nas reuniões de janeiro e março, érealmente alta

Bottom line: Uma reunião do COPOM para não fazer marola. O aumento dos juros veio como esperado etivemos poucas mudanças no Comunicado. Até o singular na frase na próxima reunião seguiu oroteiro. Entretanto, isso não é uma boa notícia, uma vez que corrobora o cenário de aceleraçãoda inflação e da necessidade de mais juros para reverter esse processo. Por isso, mantemos a nossaprojeção que, além do aumento de 1,00 p.p. na reunião de março, o COPOM terá que dar mais 0,75p.p. até o final do 1º semestre, com a Selic chegando a 15,00% a.a., portanto. Nível que deve sermantido, pelo menos, até o final de 2025. O cardápio não é bom, mas é o que temos para hoje.

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