[AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DC NEWS].
Impulsionadas pelo desempenho dos medicamentos genéricos –segmento que movimentou R$ 33 bilhões em 2024, segundo a Abrafarma – e pela forte aceleração da demanda por vacinas, a RD Saúde e a Pague Menos encerraram o terceiro trimestre de 2025 alinhadas à expansão do varejo farmacêutico nacional. A líder RD cresceu 11,6% sobre 2024 e alcançou receita de R$ 12,1 bilhões, enquanto a Pague Menos avançou 18% no mesmo período, somando R$ 4,1 bilhões. Os resultados, segundo as duas empresas, se fortaleceram com o envelhecimento da população, novas terapias e maior oferta de serviços clínicos nas lojas. À AGÊNCIA DC NEWS, o CFO da rede Pague Menos, Luiz Novais, afirma o bom momento da companhia. “O terceiro trimestre reflete a consolidação de um ciclo consistente de crescimento e ganhos de rentabilidade.”
Os resultados refletem um setor em crescimento acelerado, que movimentou R$ 113,2 bilhões entre outubro de 2024 e setembro deste ano (+13,5%), segundo os dados da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), devido a fatores como o envelhecimento da população, o aumento na incidência de doenças e novas terapias. Além disso, segundo as duas companhias, há uma crescente de eficiência em suas operações. Investimentos em canais de venda digitais e na diversificação do mix de produtos e serviços farmacêuticos, que posicionam as farmácias como verdadeiros postos de atendimento médico, ajudam a explicar o atual otimismo desse mercado.
Criada a partir da fusão da Droga Raia com a Drogasil em 2011 e maior rede farmacêutica em operação no Brasil, a RD Saúde encerrou o trimestre com 3,4 mil unidades em atividade, com 88 aberturas e seis fechamentos — o guidance de inaugurações da companhia é de cerca de 350 lojas por ano. Essas unidades se concentram em São Paulo, com 40% do total, e são abastecidas por 14 centros de distribuição espalhados pelo país. O lucro líquido da companhia cresceu 3,9%, no valor de R$ 476 milhões, e o market share, hoje estimado em 16,8%, teve uma leve alta de 0,8%. As vendas digitais deram um salto de 62%, alcançando o valor de R$ 3 bilhões, o que representa atualmente cerca de um quarto da penetração no varejo. “O sólido desempenho das lojas recém-inauguradas evidencia o potencial para expandir nossa presença de maneira altamente rentável”, afirma a companhia no balanço divulgado terça-feira (4).
É um período fértil para o setor de farmácias no país, de acordo com o professor de pós-graduação em Marketing Farmacêutico na Escola Superior de Marketing e Propaganda (ESPM), em São Paulo, Vagner Morenti. Ele se refere à injeção de recursos no Farmácia Popular, de R$ 2,2 bilhões em 2022 para R$ 4,2 bilhões neste ano, um aumento de 69% no orçamento, segundo o Ministério da Saúde. O programa federal fornece, por meio de parcerias com as redes de farmácias privadas, medicamentos gratuitos à toda população. Também afirma que o crescimento nas vendas de GLP-1 (medicamentos de combate a diabetes e obesidade, como Ozempic e Mounjaro), atualmente estimado em R$ 6 bilhões, contribui para o atual momento positivo.
Um outro motivo que ajuda a explicar, na parte da demanda, o expressivo crescimento do setor, é o envelhecimento da população, segundo Morenti — o que também acarreta a maior incidência de doenças. O Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) indica que, em 2030, o Brasil terá mais pessoas acima de 60 anos do que jovens com até 14. “As redes farmacêuticas, hoje em dia, têm um comportamento de entregar valor”, disse o especialista: “São hubs de saúde que oferecem diversos serviços, promoções e um mix de produtos selecionado”.
O segmento de genéricos, que movimentou R$ 33 bilhões em 2024, é uma das principais tendências para o comércio de medicamentos, segundo ele. Isso porque, no Farmácia Popular, 85% dos remédios distribuídos são dessa categoria e, no mercado de modo geral, as moléculas mais procuradas também o são. Diferentemente da tendência, contudo, no portfólio da líder RD Saúde ainda se destacam os remédios de marca, com 74,4% do mix. “A venda de remédios de marca depende de alguns fatores, como estratégias de relacionamento com os médicos”, afirma Morenti. “O desafio para as redes, no mercado de genéricos, é deixar valor para a farmácia, porque as margens são apertadas.”
Outra tendência ainda, frisa o professor, é o crescimento do associativismo – as associações e franquias hoje representam 10,5% do market share do setor, segundo a Abrafarma. “Quando surgiu esse modelo de negócios, o objetivo era comprar junto para obter margem de lucro”, diz Morenti, “hoje é oferecer o melhor mix de produtos e entregar valor”. Segundo ele, as grandes redes estão “se protegendo bem” diante de concorrentes desse gênero de negócios e mantêm “um bom nível de competitividade”.
CICLO DE CRESCIMENTO
“O terceiro trimestre reflete a consolidação de um ciclo consistente de crescimento e ganhos de rentabilidade”, afirma o CFO da rede Pague Menos, Luiz Novais. Segundo ele, o crescimento de 52,9% nas vendas digitais da companhia, que hoje respondem por 19,8% do volume total; a maturação das lojas físicas – atualmente, 26% das 1,6 mil farmácias em atividade vendem mais de R$ 1 milhão por mês ; e o aumento na demanda por produtos e serviços no segmento de vacinação, que cresceram 500% em um ano e 50% somente no terceiro trimestre, são a base do balanço trimestral.
O lucro líquido da companhia fundada em 1981 em Fortaleza (CE), que abriu o capital em 2020 e tem suas operações concentradas nas regiões Norte e Nordeste, atingiu R$ 231 milhões no período entre agosto e outubro, um recorde. O market share, que era de 6,3% há um ano, chegou a 6,7%. Já as vendas médias por loja tiveram uma alta expressiva de 32,4%, alcançando o patamar atual de R$ 831 mil por mês. “Esse desempenho reflete a combinação de fatores estruturais: evolução nas vendas, ganhos de eficiência operacional, disciplina financeira e maior produtividade das lojas”, afirma Novais.
Segundo ele, atualmente, a empresa está posicionada como “um hub de saúde voltado ao cuidado contínuo”. A Pague Menos possui 1,1 mil consultórios farmacêuticos em operação dentro das suas lojas e realizou 5,6 milhões de atendimentos nos últimos 12 meses, abrangendo aferições, testes rápidos, teleorientação e vacinação. Em 2025, resolveu ampliar parcerias com planos de saúde, empresas e órgãos públicos. Uma iniciativa conjunta com o Ministério da Educação, por exemplo, oferece condições exclusivas a 2,7 milhões de professores da rede pública. “Reforçamos a integração com a indústria e nosso papel na promoção da saúde preventiva e acesso a serviços essenciais à população”, disse o CFO à AGÊNCIA DC NEWS.