Saiba quem é Evelyn Matthei, candidata que se apresenta como alternativa à polarização no Chile

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A candidata presidencial Evelyn Matthei é o retrato da crise que a direita tradicional enfrenta no Chile e vários outros países. Matthei liderou nas pesquisas de opinião para a eleição presidencial chilena até junho, mas periga terminar em terceiro ou até quarto lugar na votação deste domingo (16).

A política perdeu espaço para os candidatos de ultradireita José Antonio Kast e ultra-ultradireita Johannes Kaiser, demonstrando a força das posições mais radicais e populistas junto ao eleitorado da direita.

Com longo currículo na política -foi deputada, senadora, prefeita e ministra- Matthei tenta se emplacar como a candidata da experiência e da moderação. Apresenta-se como um meio-termo entre a comunista Jeanette Jara, apoiada pelo presidente Gabriel Boric, e os ultradireitistas Kast e Kaiser.

Filha de um general da Junta Militar que governou o Chile durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), Matthei, aos 72 anos, está se candidatando à Presidência pela segunda vez. Candidatou-se à presidência pela primeira vez em 2013 e perdeu para a socialista Michelle Bachelet.

Na atual eleição, ela representa uma coalizão entre o partido Renovação Nacional, do ex-presidente Sebastián Piñera, morto em 2024 em um acidente de helicóptero, a União Democrata Independente, legenda conservadora fundada durante a ditadura, e outras agremiações.

Matthei sempre foi muito próxima de Piñera. Entrou no partido do ex-presidente no fim dos anos 80.

Já filiada, no plebiscito de 1988, fez campanha [pelo “sim” – defendeu ativamente que Pinochet continuasse no poder até 1997. O “não” venceu e o ditador deixou a presidência após a eleição de 1989.

Apesar dessa derrota, ela seguiu na vida política e foi eleita deputada pelo Renovação Nacional para o primeiro Parlamento após a transição democrática, em 1990. Foi deputada por dois mandatos, e então se elegeu para o Senado em 1998.

Em 2011, mesmo reeleita para o Senado, renunciou para assumir como ministra do Trabalho no primeiro mandato de Piñera.

Em 2016, Matthei foi eleita prefeita da municipalidade de Providencia, na cidade de Santiago. Reelegeu-se em 2021.

Sua campanha presidencial deste ano centrou-se em críticas ao governo de esquerda de Boric, promessas de políticas linha dura na segurança e de geração de 1 milhão de empregos.

Mas o fato de a direita não ter chegado a um acordo para realizar primárias – ao contrário da esquerda e centro-esquerda, que decidiram pela candidatura única de Jara – foi um golpe para Matthei, que disputa com rivais do mesmo campo político.

O piano e a influência alemã foram marcantes na vida de Matthei. Vinda de uma família de imigrantes espanhóis e alemães, a política fez o ensino médio no Colégio Alemão e estudou piano desde criança. Após sair da escola, fez um curso de especialização de piano em Londres e voltou para o Chile para cursar economia na Pontifícia Universidade Católica.

Casou-se com um professor da universidade, Jorge Desormeaux, em 1979, e o casal teve três filhos.

Seu marido é um economista conhecido e foi vice-presidente do Banco Central. Está longe da vida pública desde que foi diagnosticado com Parkinson.

No final de sua campanha presidencial, Matthei radicalizou a retórica, recorrendo a posições mais extremas. No último debate, Matthei disse que os criminosos e “narcoterroristas” terminariam “na prisão ou no cemitério”

Resta ver se a radicalização ajudou a estancar a perda de votos para seus rivais mais à direita.

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