SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Conselho de Segurança da ONU aprovou, nesta segunda-feira (17), uma resolução dos Estados Unidos que endossa o plano de paz do presidente Donald Trump para a Faixa de Gaza e autoriza uma força internacional de estabilização no território palestino.
O texto recebeu 13 votos a favor e nenhum contra. Rússia e China, que poderiam vetar o documento, optaram pela abstenção.
O último rascunho da resolução, visto pela agência de notícias Reuters, dizia que os Estados-membros do órgão das Nações Unidas podiam participar do chamado Conselho de Paz, previsto como uma autoridade transitória para reconstruir Gaza, e autorizava uma força internacional para desmilitarizar o território.
Além disso, o plano de 20 pontos de Trump, que interrompeu a guerra em Gaza no mês passado, estava anexado ao documento. Embora tenha sido vago em questões espinhosas sobre o futuro da região, a proposta do republicano encerrou o conflito de dois anos que devastou o território palestino e libertou todos os reféns vivos que estavam em poder do Hamas.
Nos últimos dias, Washington pressionou o órgão das Nações Unidas a aprovar o texto sob a justificativa de que a recusa poderia fazer o frágil cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista ruir. Para ser aprovada, a resolução precisava que 9 dos 15 membros do conselho votassem a favor, incluindo todos os cinco membros permanentes incluindo Rússia e a China, que têm poder de veto.
A aprovação era considerada incerta até a semana passada. Assim como o plano de Trump, a resolução era vista como uma forma de marginalizar a Autoridade Palestina, que representa o território em órgãos internacionais, uma vez que não lhe conferia qualquer papel em Gaza.
A Rússia, que possui poder de veto no Conselho de Segurança, havia sinalizado potencial oposição à resolução nos últimos dias, e inclusive apresentou uma resolução rival. Na última sexta-feira (14), porém, Autoridade Palestina divulgou uma declaração apoiando a resolução, o que reforçou suas chances de aprovação.
A resolução é polêmica em Israel, já que menciona a possibilidade de um Estado para os palestinos no futuro. O último rascunho diz que as “condições podem finalmente estar em vigor para um caminho credível para a autodeterminação e condição de Estado palestino”.
No domingo (16), o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu disse que Israel continua se opondo à medida e prometeu desmilitarizar Gaza “pelo caminho fácil ou pelo difícil”.
O premiê sofre pressão de ultranacionalistas que compõem o seu governo, como o ministro de Segurança Interna, Itamar Ben Gvir. Nesta segunda o extremista pediu a detenção do presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, se o Conselho de Segurança da ONU reconhecesse um Estado palestino.
“Se acelerarem o reconhecimento deste Estado inventado, se a ONU o reconhecer, você […] deve ordenar os assassinatos de altos responsáveis da Autoridade Palestina, que são terroristas de todos os pontos de vista, [e] ordenar a detenção” de Abbas, afirmou Ben Gvir a jornalistas dirigindo-se a Netanyahu.
O Hamas, que condiciona seu desarmamento a um Estado para os palestinos, também é contrário à resolução. Nesta segunda, o grupo terrorista criticou a aprovação do documento, afirmando que o texto não atende as demandas dos palestinos e busca impor uma tutela internacional sobre o território.
“Atribuir à força internacional tarefas e papéis dentro da Faixa de Gaza, incluindo o desarmamento da resistência, retira sua neutralidade e a transforma em parte do conflito a favor da ocupação”, afirmou a facção.