Master segue no centro das atenções, Nvidia afasta rumores de cansaço e outros destaques do mercado

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Banco Master continua dominando as manchetes e nós sabemos que a curiosidade do leitor sobre o assunto ainda não secou.

Também aqui: a Nvidia afasta rumores de cansaço e outros destaques do mercado nesta quinta-feira (20).

**+MASTER**

“De novo?” o leitor pode ter se perguntado ao ler o título da edição desta quinta-feira da newsletter.

Sabemos que o tema se repetiu algumas vezes, mas veja bem: a newsletter prometeu a você que traria o que há de mais importante na economia todos os dias —e os desdobramentos da situação do Master e de Daniel Vorcaro estão ditando o tom.

DETALHES

Nesta quarta-feira (19), a Polícia Federal divulgou mais informações sobre as investigações da Operação Compliance Zero, que resultaram na liquidação do Banco Master e na prisão de Daniel Vorcaro, presidente da instituição.

A PF identificou uma série de operações suspeitas, como possíveis manipulações de ativos e desvios de recursos de fundos de investimento —atividades com o propósito de favorecer sócios ou modificar resultados financeiros.

Uso de empresas de fachada, suspeita de fraudes no mercado de capitais e falta de avaliação de riscos na supervisão de investimentos estão entre as acusações.

CRACHÁ NEGADO

Uma das queixas de Vorcaro para seus amigos com poder em Brasília e em São Paulo era a de que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, jamais reservou um espaço na agenda para conversar com ele.

O chefe da pasta econômica, que pouco tinha ouvido falar dele, pediu informações acerca do personagem a amigos do mercado financeiro. Eles disseram ao ministro que a situação do Master era insustentável e, mais cedo ou mais tarde, iria “explodir”.

O ministro, que costuma receber empresários e banqueiros de diversos setores, evitou um encontro.

JÁ ERA?

Institutos que pagam aposentadorias a servidores municipais e estaduais aplicaram R$ 1,8 bilhão em letras financeiras do Banco Master sem garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) de outubro de 2023 a dezembro de 2024.

A Rioprevidência (estado do Rio de Janeiro), a Amprev (Amapá) e o Iprev (Maceió) são destaques com R$ 970 milhões, R$ 400 milhões e R$ 97 milhões investidos, respectivamente.

Esses aportes serão contabilizados como dívida durante o processo de liquidação do banco —isso significa que a recuperação dos valores é incerta.

NA VITRINE

Empresas ligadas à instituição financeira enfrentaram um dia ruim na Bolsa na quarta-feira.

A Oncoclínicas tinha R$ 433 milhões em CDBs do Master. A Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia) detinha R$ 140 milhões desses papéis por meio do Banco Letsbank, do conglomerado de Vorcaro. O BRB (Banco de Brasília) havia se proposto a comprar uma fatia da financeira em março.

Todas elas fecharam no vermelho na B3. A Oncoclínicas, depois de derreter 10% na terça-feira, estendeu as perdas em mais de 7% nesta quarta. A Emae tombou 8,85% e o BRB, 5,33%.

Falando em BRB… a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) tornou réus o governo do Distrito Federal, liderado por Ibaneis Rocha, e a chefe de gabinete do governador, Juliana Monici Souza Pinheiro.

A PF investiga operações feitas pelo BRB com Master de R$ 16,7 bilhões de julho de 2024 a outubro de 2025 —segundo ela, uma “possível engenharia contábil”.

**NVIDIA, A IMBATÍVEL**

Sem saber que era impossível, a Nvidia foi lá e fez (de novo). A empresa mais valiosa do mundo, que fabrica chips para inteligência artificial, ampliou as vendas ainda mais rápido do que Wall Street previa.

A empresa divulgou nesta quarta-feira um balanço trimestral que agradou o mercado financeiro.

US$ 57 bilhões (R$ 303 bilhões) foi a receita do trimestre terminado em outubro, uma alta de 62% na comparação anual.

REPIQUE

O balanço aliviou, pelo menos um pouco, o coração de um grupo de investidores: aquele que está morrendo de medo de uma bolha financeira.

Alguns players começaram a desconfiar que talvez as big techs estivessem valorizadas demais no mercado —e, pior, gastando quantias exageradas em infraestrutura para IA.

Antes do balanço, as ações da Nvidia acumulavam queda de 11% em relação ao pico registrado no início de novembro. Depois, subiam até 6%.

“Mesmo que seja difícil acreditar que a demanda é tão estável e significativa, em algum momento os céticos terão que começar a crer”, disse Daniel Newman, presidente da The Futurum Group.

MUITA CALMA NESSA HORA

Toda demanda tem um limite —e as vendas da big tech das big techs podem esbarrar em um bem óbvio.

Nem todos os clientes da Nvidia têm fôlego financeiro e energético para sustentar data centers de IA. No fim das contas, o ritmo de crescimento é regulado pela disponibilidade de capital e, sobretudo, de recursos naturais.

No relatório divulgado nesta quarta-feira, a empresa fez um alerta: clientes com menor capacidade financeira podem ter dificuldade para arcar com grandes projetos de infraestrutura —o que, na prática, pode atrasar a adoção de tecnologias de IA.

Outro fator que pode limitar o crescimento da companhia é a relação complicada com a China, o segundo maior mercado para tecnologia no mundo. Sem poder vender seus melhores produtos para o país, a Nvidia pode ficar sem saída para sua oferta.

**O FENÔMENO TIKTOK SHOP**

Quando você procura um produto online, qual site surge primeiro na sua cabeça? As empresas disputam cada vez mais para ser esse nome que aparece no seu imaginário logo de início.

Um competidor relativamente novo nesse conflito está causando dor de cabeça aos colegas mais velhos: só no terceiro trimestre a TikTok Shop vendeu US$ 19 bilhões (R$ 101 bilhões) em mercadorias globalmente, segundo a EchoTik.

Isso coloca o e-commerce da rede social um pouco abaixo do total do eBay, muito popular nos Estados Unidos e fundado há 30 anos, que registrou US$ 20,1 bilhões (R$ 107,1 bilhões).

COMO CHEGAMOS AQUI?

Com uma combinação de marketing agressivo e mudanças no comportamento dos consumidores.

Alguns dizem que a ascensão dos influenciadores digitais faz parte do bom desempenho da TikTok Shop —um modelo de loja que facilita a compra de produtos indicados por esses personagens da internet.

“As pessoas entram para se entreter e aí descobrem produtos ou marcas que não conheciam, e compram”, disse Neil Saunders, diretor-gerente da GlobalData.

O FUTURO

O futuro parece promissor para a plataforma. A empresa deve superar os US$ 15 bilhões (R$ 79 bilhões) em vendas nos EUA em 2025, “o que é muito, considerando que o canal de vendas não existia dois anos atrás”.

PEDRAS NO SAPATO

A situação do TikTok nos Estados Unidos, público que é um motor importante para a loja eletrônica, ainda é incerta. O presidente americano, Donald Trump, disse estar articulando acordos de venda da empresa para uma controladora americana. Nada, no entanto, foi anunciado.

Isto é, a qualquer momento o republicano pode mudar de ideia e mandar derrubar o aplicativo para milhões de usuários.

Ainda, há quem se irrite com o formato da TikTok Shop. Ao mesmo tempo que a presença de produtos no feed pode ser um estímulo para as compras, a abundância de propaganda está saturando a paciência de clientes. Veremos.

**PARA LER**

“The Age of Extraction: How Tech Platforms Conquered the Economy and Threaten our Future Prosperity.”

“A era da extração: como as plataformas digitais conquistaram a economia e ameaçam a nossa prosperidade futura”. Tim Wu. Knopf. 278 páginas.

Como as redes sociais são tão ricas se as usamos de graça? A resposta é fácil: você as paga com o seu tempo —o insumo mais precioso hoje.

Tim Wu é um acadêmico e jurista norte-americano e, neste livro, ele explica como o andamento da nossa vida depende de plataformas e redes sociais. Por esse motivo, grandes empresas detêm o controle do nosso tempo.

“As grandes plataformas de tecnologia de hoje são impressionantes, divertidas e facilitam nossas vidas, mas também são projetadas para serem as ferramentas mais avançadas da história para extrair riqueza e recursos da economia”, diz Wu na obra.

Para ele, a concentração de mercado das big techs prejudica consumidores, fornecedores e até a democracia.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

Tranquilidade na Black Friday. Veja os principais golpes da data e saiba como evitá-los.

Compensação. O Ministério Público afirmou que o ataque hacker que deixou um rombo de R$ 813,79 milhões abalou a segurança do Pix e, por isso, pede indenização ao Estado.

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