Premiê alemão vê plateia abandonar evento antes de discurso em Berlim

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Dezenas de pessoas deixaram o auditório de um evento em Berlim nesta quarta-feira (19) em protesto ao primeiro-ministro da Alemanha, Friedrich Merz, que falaria em seguida. O protesto ocorreu durante a entrega de uma premiação voltada para integração e diversidade no país.

Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram ao menos 30 convidados se levantando em silêncio no momento em que o premiê subia ao palco, onde fez um discurso de 20 minutos. Eles voltaram à plateia após a fala do político.

O Prêmio Talismã é organizado pela Fundação Alemã para a Integração, que tem como um de seus objetivos trabalhar pela igualdade para migrantes e seus descendentes. Os manifestantes usavam adesivos com a frase “nós somos a paisagem urbana”, em referência a um comentário que o premiê fez no mês passado.

Na ocasião, ao comentar que seu governo havia derrubado em 60% o número de pedidos de asilo em relação ao ano anterior, Merz declarou que havia “um problema na paisagem urbana” alemã e que seu gabinete trabalhava com a perspectiva de deportações em massa —uma aparente tentativa de se aproximar de uma pauta da extrema-direita alemã, que tem crescido no país.

A expressão rendeu enorme polêmica, e diversos políticos de oposição e de origem imigrante pediram uma retratação do primeiro-ministro.

Merz, no entanto, decidiu reviver seu tempo de líder de oposição, com frases contundentes e normalmente mal colocadas. “Pergunte para sua filha” se há problema de insegurança nas cidades, respondeu aos críticos, contrariando estatísticas policiais, segundo especialistas.

Na semana passada, ele se envolveu com mais uma polêmica ao falar sobre sua passagem por Belém, no Brasil, para a COP30. Em um discurso que fez no Congresso Alemão do Comércio na última semana, Merz afirmou que os alemães vivem “em um dos países mais bonitos do mundo”.

“Perguntei a alguns jornalistas que estiveram comigo no Brasil na semana passada: ‘Quem de vocês gostaria de ficar aqui?’ Ninguém levantou a mão. Todos ficaram contentes por termos retornado à Alemanha, a noite de sexta para sábado, especialmente daquele lugar onde estávamos”, disse el

Em seguida, o prefeito de Belém, Igor Normando (MDB), chamou a fala de “arrogante” e ” preconceituosa”, e o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), afirmou que causa estranhamento quando “quem ajudou a aquecer o planeta questiona o calor da amazônia”. Na terça (18), o presidente Lula (PT) respondeu às críticas.

“O primeiro-ministro da Alemanha esses dias se queixou: ‘ai eu fui no Pará, mas eu voltei logo porque eu gosto mesmo é de Berlim’. Ele, na verdade, devia ter ido num boteco no Pará. Ele, na verdade, deveria ter dançado no Pará. Ele, na verdade, deveria ter provado a culinária do Pará, porque ele ia perceber que Berlim não oferece pra ele 10% da qualidade que oferece o estado do Pará e a cidade de Belém. E eu falava toda hora ‘coma maniçoba'”, disse o petista.

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