Entidades e associações de exportadores comemoram queda da sobretaxa dos EUA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A derrubada das sobretaxas americanas sobre os principais produtos agropecuários exportados pelo Brasil foi comemorada por representantes de empresas e entidades setoriais, que destacaram o trabalho realizado em conjunto com o governo brasileiro para eliminar essas barreiras.

Nesta quinta-feira (20), o presidente norte-americano, Donald Trump assinou decreto retirando as tarifas de 40% sobre alguns produtos vendidos pelo Brasil.

Estão incluídos na lista carne e café, produtos importantes da pauta exportadora brasileira. Ao todo, são 212 itens agrícolas e da pecuária, incluindo alguns fertilizantes à base de amônia.

A Amcham (Câmara Americana de Comércio para o Brasil) afirmou que a derrubada da sobretaxa sinaliza um resultado concreto do diálogo entre Brasil e Estados Unidos.

“A medida representa um avanço importante rumo à normalização do comércio bilateral, com efeitos imediatos para a competitividade das empresas brasileiras envolvidas”, disse a entidade.

A Câmara, no entanto, reforçou que ainda é preciso intensificar as negociações para eliminar as sobretaxas aos produtos que ainda não foram beneficiados por isenções, como os bens industriais.

Para Marcos Antonio Matos, diretor-geral do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil), a decisão permite que o Brasil recupere o espaço perdido nesses meses.

“Os próprios torrefadores [americanos] lutaram e muito pela reconquista da isonomia para os cafés brasileiros. A gente está agora em pé de igualdade, é o que a gente sempre quis”, afirmou.

A Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) diz celebrar a retirada das sobretaxas sobre a carne bovina. A entidade lembra que a reversão reforça a estabilidade do comércio internacional e mantém condições equilibradas para todos os países envolvidos, inclusive para a carne bovina brasileira.

“A medida demonstra a efetividade do diálogo técnico e das negociações conduzidas pelo governo brasileiro, que contribuíram para um desfecho construtivo e positivo. A Abiec seguirá atuando de forma cooperativa para ampliar oportunidades e fortalecer a presença do Brasil nos principais mercados globais.”

A ABIC (Associação Brasileira da Indústria de Café) considerou que a redução da tarifa foi uma vitória do esforço diplomático liderado pelo governo e também da mobilização de toda a cadeia produtiva do café.

“Desde o início do ano, o setor privado atuou como interlocutor técnico, dialogando com importadores e fornecendo informações estratégicas que auxiliaram o governo nas negociações”, diz o presidente da entidade, Pavel Cardoso.

O presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Ricardo Alban, afirma que esse é um resultado animador para novas etapas da negociação com o governo americano, e a expectativa agora é avançar sobre bens industriais.

“A nova medida volta a tornar os nossos produtos competitivos, uma vez que a remoção das tarifas recíprocas, de 10%, na última semana, havia deixado nossos produtores em condições menos vantajosas”, disse o presidente da CNI.

“Agora precisamos evoluir nos termos para a entrada de bens da indústria, para a qual os EUA são nosso principal mercado, como para o setor de máquinas e equipamentos, por exemplo.”

Paulo Mustefaga, presidente executivo da Abrafrigo (Associação Brasileira de Frigoríficos), avalia que a carne brasileira fica livre das tarifas adicionais de 10% e 40%, voltando aos 26,4% que vigoravam antes do tarifaço anunciado em julho.

“Vai se restabelecer o fluxo normal do comércio da carne brasileira para o mercado dos EUA”, afirma Mustefaga.

Ele diz que o preço da carne bovina hoje nos Estados Unidos é praticamente o dobro do produto brasileiro. Isso explica por que, mesmo com uma tarifa superior a 70%, o Brasil conseguiu manter as vendas para aquele país, mesmo que em quantidades bem menores. Apenas no mês de outubro houve uma queda de mais de 50% em relação ao mesmo mês do ano passado.

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