Deputada Marjorie Taylor Greene anuncia renúncia após racha em relação com Trump

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A deputada republicana Marjorie Taylor Greene anunciou nesta sexta-feira (21) sua renúncia ao cargo, informando que seu último dia no posto será 5 de janeiro. O anúncio veio após um desentendimento público com Donald Trump.

O presidente dos Estados Unidos chegou a afirmar, durante a campanha eleitoral de 2024, que “absolutamente amava” a deputada. Nas últimas semanas, no entanto, após a deterioração da relação, Trump chegou a tachá-la de “traidora” e “lunática”.

Greene chegou a defendê-lo em público em uma época em que ele estava em baixa dentro do próprio partido por, entre outras coisas, ter perdido a eleição para Joe Biden e ter fomentado a tomada violenta do Capitólio.

Nos últimos meses, porém, a deputada se tornou uma das vozes mais críticas ao presidente, surpreendendo tanto republicanos quanto democratas. A guinada de Greene é hoje um dos tópicos mais eletrizantes em Washington, discutido em rodas políticas e mesas de bar.

Greene desafia seu partido e seu antigo ídolo em temas centrais à sua gestão. Ela é crítica aos bombardeios israelenses na Faixa de Gaza, por exemplo, que chama de genocídio -uma palavra impronunciável até mesmo entre democratas. Censurou também os ataques dos Estados Unidos contra o Irã e exigiu a publicação do dossiê de Jeffrey Epstein -que Trump sancionou nesta semana, após uma mudança drástica de postura.

O caso Epstein foi um dos principais motivos de desentendimento entre ambos. No início deste mês, Greene afirmou que Trump deveria se concentrar em problemas internos do país, em vez de focar em assuntos internacionais. O presidente respondeu dizendo que a deputada havia “perdido o rumo” .

Sobre Epstein, Greene afirmou: “É realmente espantoso o quanto ele está se esforçando para impedir a divulgação dos arquivos de Epstein, a ponto de chegar a esse ponto”. No dia seguinte, o presidente afirmou que a deputada era fraca e havia traído todo o Partido Republicano ao “virar para a esquerda”.

A virada de casaca importa bastante porque os republicanos têm hoje uma margem historicamente pequena na Câmara, com apenas 219 deputados em comparação com os 213 democratas. Isso faz com que qualquer votação seja frágil, podendo barrar as medidas propostas pelo partido.

As posturas de Greene têm dado um tilt na cabeça de muitos em Washington. Até pouco tempo atrás, a imprensa a tratava como uma piada. Em especial, porque Greene aderia às teorias da conspiração do grupo online QAnon, que denunciava a suposta existência de uma seita satânica de prostituição infantil coordenada por Hillary Clinton em uma pizzaria.

A deputada, que chegou a Washington como alguém que não duraria muito, firmou-se e tem hoje uma base fiel na Geórgia. Foi reeleita em 2024 e, ao que tudo indica, venceria também os próximos pleitos no estado. Seus eleitores, segundo o The New York Times, são ultraconservadores, brancos e de baixa renda. Em certa medida, são os simpatizantes típicos do trumpismo.

Dito isso, os atritos com Trump e com a liderança republicana devem podar qualquer ambição de ter um cargo mais alto no governo. Greene não pode almejar agora postos que exijam nomeação e apoio do partido.

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