Moody´s: inflação vai limitar gastos do consumidor em 2026. E eleição pode tornar confiança mais "volátil"

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Eleição presidencial, em outubro de 2026, é um dos fatores que vão influenciar rumos da economia
(Divulgação/TSE)
  • Para a agência, mesmo desacelerando, a inflação segue alta e afeta a confiança do consumidor. Além de limitar a atuação dos bancos centrais
  • "A arena política continua dividida após uma década tumultuada", diz a Moody´s em relatório, apontando equilíbrio nas pesquisas
Por Vitor Nuzzi

[AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DC NEWS]
A Moody´s Ratings identifica, para 2026, dificuldades dos bancos centrais na América Latina para flexibilizar suas respectivas políticas monetárias no próximo ano. Apontam, para isso, “desafios fiscais e estresse inflacionário”, como fatores que limitariam as opções. Além de “tensões comerciais” que impedem a agência de ter uma visão mais clara sobre as condições de crédito. Para Moody´s, essas condições permanecerão estáveis em 2026, “embora o quadro seja desigual e persistam riscos significativos para essa estabilidade”.

Brasil e México, diz a agência em relatório, continuarão a registrar crescimento fraco, bem abaixo dos níveis de 2023 e 2024. “No entanto, a dinâmica local ajuda a sustentar nossas expectativas relativamente fortes para outros países — especialmente para a Argentina, mas também para o Peru e Colômbia”, afirmou a Moody´s. “A inflação na região continua a desacelerar, mas permanece alta, geralmente pairando perto das bandas superiores das metas dos bancos centrais.” A agência acrescenta: isso ameaça a confiança do consumidor e aumenta os riscos sociais, além de limitar “a capacidade dos bancos centrais de reduzir as taxas de juros para promover o crescimento”.

Países como Brasil, Chile, Colômbia e Peru terão eleições no ano que vem, o que pode sinalizar mudanças governamentais e de políticas públicas e afetar os gastos. “No México, os investidores aguardam a revisão de 2026 do Acordo EUA-México-Canadá”, disse a Moody´s. A agência prevê redução dos gastos do consumidor no México – principalmente nesse país –, no Brasil e na Colômbia, “após um período robusto até meados de 2025”. O relatório refere-se às eleições presidenciais no Brasil, em outubro do ano que vem, ao afirmar que “a arena política continua dividida após uma década tumultuada”. E emenda: “É provável que a confiança do consumidor se torne mais volátil à medida que a eleição se aproxima, especialmente se as pesquisas continuarem muito fechadas”. Esse termo refere-se a equilíbrio entre os candidatos, indicando uma disputa equilibrada.

Escolhas do Editor

A análise da Moody´s aborda também o que a agência chama de “disrupção digital”, que representaria risco menor no varejo e em shopping centers da América Latina em relação a mercados mais desenvolvidos. Mas observa que “o comportamento dos consumidores está evoluindo em direção a interações digitais e operações online”. E a busca por soluções de inteligência artificial (IA) estimula a construção de data centers na região, “beneficiando seus desenvolvedores e oferecendo ganhos econômicos aos governos”. Mas esse ímpeto “depende do apoio regulatório e da diferenciação competitiva”. A Moody´s faz menção ainda a impactos de desastres naturais: danos físicos, interrupção de produção/logística e aumento de custos.

No Brasil, a nova edição do Focus, boletim do Banco Central, indica IPCA de 4,45% neste ano, ante 4,46% na semana passada e 4,56% quatro semanas atrás. Para 2026, a projeção do mercado recuou de 4,20% para 4,18%. Por enquanto, o índice oficial da inflação soma 4,68% em 12 meses, até outubro. Os dados referentes a este mês serão divulgados pelo IBGE em 10 de dezembro.

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