ROMA, ITÁLIA (FOLHAPRESS) – O ministro da Agricultura da Itália, Francesco Lollobrigida, afirmou que o acordo comercial da União Europeia com o Mercosul é um “bom negócio”, mas desde que inclua ajustes que permitam mitigar riscos para produtores do bloco.
No fim de semana, o presidente Lula afirmou que o acordo será assinado em 20 de dezembro, em Brasília. A assinatura é o primeiro passo para a tramitação do texto, que depois passará pelos órgãos do bloco e dos 27 países.
“Achamos que o acordo é uma grande oportunidade em um quadro mundial complexo. Mas a Itália e a União Europeia veem alguns pontos que precisam ser definidos para melhorar as condições de operar”, afirmou o ministro nesta terça (25) em Roma, em evento do Lide, organizado pelo ex-governador João Doria. “Eliminar as margens de risco é nosso objetivo estratégico.”
Lollobrigida, do mesmo partido da primeira-ministra Giorgia Meloni, da ultradireita, elencou três questões que levariam a um melhor funcionamento do acordo, do ponto de vista italiano. Segundo ele, nas últimas discussões internas da UE, foi garantida a previsão de uma ajuda financeira para setores que venham a ser afetados, no valor de 6 bilhões de euros (R$ 37 bilhões) a partir de 2028.
Também ficou acertado, disse, um mecanismo de “freio de mão” para assegurar que as regras possam ser revistas diante de um eventual excesso de importações que estiver prejudicando setores produtivos europeus.
O terceiro ponto é a questão da reciprocidade. “Tudo o que impomos aos nossos produtores para garantir a qualidade deve aplicar-se aos bens provenientes de outros continentes e, portanto, também da área do Mercosul”, disse. “O que se aplica aos nossos empresários no que diz respeito aos produtos, especialmente os agroquímicos, deve valer também para as mercadorias que importamos.”
O acordo é frequentemente criticado na Itália pela Coldiretti, a principal associação que representa os produtores agrícolas do país. No último dia 19, eles pediram, em nota, a rejeição do acordo caso não constem uma cláusula de salvaguarda automática e o princípio da reciprocidade.
Lollobrigida comentou a questão dos produtos protegidos por indicações geográficas específicas, como queijos e vinhos, uma das principais preocupações italianas. Segundo ele, no texto do acordo estão previstas 50 categorias italianas de indicações geográficas protegidas.
“Esperamos que logo após a aprovação do acordo se coloque um fim a imitações encontradas em muitos supermercados sul-americanos”, citando o parmesão, tipo de queijo que faz referência ao parmigiano reggiano produzido no norte da Itália.