Petrobras reduz investimentos, adia projetos e promete cortar custos para enfrentar petróleo baixo

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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Divulgado no fim da noite desta quinta-feira (27), o plano da Petrobras para enfrentar um cenário de petróleo mais barato nos próximos anos inclui corte de investimentos, adiamento de projetos e promessa de corte de custos.

A empresa aprovou um orçamento de US$ 109 bilhões (R$ 580 bilhões) para investimentos nos próximos cinco anos. O valor é 1,8% inferior ao vigente no plano anterior, aprovado em 2024.

Embora a queda no valor global seja pequena, a empresa rebaixou uma série de projetos, antes considerados viáveis, que terão que passar por novas avaliações.

A carteira de projetos em implantação caiu 7%, para US$ 91 bilhões (R$ 487 bilhões). Destes, a empresa considera viáveis atualmente apenas US$ 81 bilhões (R$ 433 bilhões). O avanço da parcela restante dependerá de reavaliações trimestrais.

A carteira de projetos em avaliação cresceu 38%, para US$ 18 bilhões (R$ 96 bilhões), com o rebaixamento de projetos antes considerados em implantação, como plataformas para produzir petróleo em Sergipe e para revitalizar campos de petróleo da bacia de Campos.

Segundo a empresa, o plano “reforça o compromisso de crescimento com geração de valor e com a sustentabilidade financeira da companhia, por meio da disciplina de capital, eficiência operacional, otimização de gastos operacionais e limites orçamentários para investimentos”.

A Petrobras se compromete também a cortar US$ 12 bilhões (R$ 64 bilhões) em custos, com redução de gastos em plataformas sem produção, otimização da logística aérea e marítima, de intervenções em poços e inspeções submarinas, entre outros.

A maior parte será direcionada à área de exploração e produção, que tem previsão de receber 85% do valor dos investimentos considerados viáveis, uma categoria que a empresa chamou de “carteira de implantação alvo”.

A meta é atingir o pico de produção de 2,7 milhões de barris de petróleo por dia em 2028. A empresa vai direcionar ainda US$ 7,1 bilhões (R$ 38 bilhões) para a exploração de petróleo, com destaque para a margem equatorial.

A área de refino, petroquímica e fertilizantes terá US$ 15,8 bilhões (R$ 84 bilhões) em investimentos na carteira em implantação alvo, concentrados na expansão e na adequação do parque de refino, visando à produção de combustíveis de alta qualidade e de baixo carbono.

Já a área de gás e energias de baixo carbono ficará com US$ 4 bilhões (R$ 21 bilhões), focados em descarbonização das atividades. A empresa diz que segue buscando parcerias em energias renováveis e etanol.

É o segundo plano de investimentos aprovado sob a gestão de Magda Chambriard. O primeiro, de 2024, previa aportes de US$ 111 bilhões (R$ 600 bilhões), o maior valor desde o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) após o escândalo de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.

O plano anterior previa que o petróleo Brent, referência internacional negociada em Londres, ficaria, em média, em US$ 83 (R$ 444) por barril em 2025, caindo gradualmente até atingir US$ 69 (R$ 370) por barril em 2029. Agora, parte de US$ 63 (R$ 337) em 2026 e prevê US 70 (R$ 375) nos anos seguintes.

O petróleo mais barato afeta a projeção futura de receita da estatal. O corte de investimentos é justificado pela necessidade de adequar os gastos a esse cenário, sem mexer na política de dividendos nem estourar o teto de endividamento.

Nesse cenário, diz a companhia, a distribuição de dividendos pode chegar a US$ 50 bilhões (R$ 267 bilhões) no período de cinco anos. Não há previsão de dividendos extraordinários, como no plano anterior.

A estatal afirmou que as escolhas do plano “geram resultado e valor para todos os ‘stakeholders’ [públicos de intersse] da companhia”. Entre elas, o foco em óleo e gás, o compromisso com a reposição de reservas, a ampliação do parque industrial e a ambição de alcançar a neutralidade das emissões operacionais.

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