SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar cai nesta sexta-feira (28), com investidores avaliando a taxa de desemprego de outubro, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta manhã. A formação da Ptax de fim de mês também está no radar.
No exterior, a expectativa é de menor movimentação por causa do feriado do pós-Dia de Ação de Graças nos EUA, celebrado na quinta-feira (27).
Às 12h05, a moeda americana recuava 0,39%, cotada a R$ 5,331. No mesmo horário, a Bolsa subia 0,19%, a 158.661 pontos, após ter alcançado uma nova máxima intradiária de 159.186 pontos mais cedo.
O avanço do Ibovespa é impulsionado principalmente pelas ações de Itaú e Vale, que subiam 2,03% e 1,89%, respectivamente, beneficiadas pela aprovação de dividendos. Em sentido oposto, Petrobras pesava sobre o índice: as ações preferenciais caíam 2,16% após a divulgação do plano de investimentos da estatal.
No mercado doméstico, analistas repercutem dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sobre o mercado de trabalho. A taxa de desemprego do Brasil foi de 5,4% no trimestre encerrado em outubro, o menor patamar registrado em toda a série histórica, que começou em 2012. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (28) pelo instituto.
Nos três meses até setembro, o Brasil registrou 5,91 milhões de pessoas nessa condição. O resultado representa uma queda de 3,4% na comparação com o trimestre anterior (menos 207 mil pessoas) e de 11,8% em um ano (menos 788 mil pessoas).
Felipe Tavares, economista-chefe da BGC Liquidez, afirma que a taxa de desemprego de outubro repercute entre os analistas. “O mercado apresenta sinais de correção das expectativas da política monetária. Com o mercado de trabalho resiliente, é natural que os investidores revisem o tamanho do espaço de corte nos juros [da taxa Selic] no ano que vem, principalmente na magnitude dos cortes”.
Ainda por aqui, a formação da Ptax de fim de mês, no mercado de câmbio, também está no radar. Calculada pelo BC com base nas cotações do mercado à vista, a Ptax serve de referência para a liquidação de contratos futuros.
No fim de cada mês, agentes financeiros tentam direcioná-la a níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta das cotações) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa), o que tende a gerar mais volatilidade no mercado cambial.
Para Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, o movimento ocorre em oposição com o notado nos EUA, com atividades reduzidas em função do feriado da última quinta. “A combinação de uma liquidez global mais baixa e formação de taxa Ptax de fim de mês traz riscos de uma volatilidade maior do que a comum para a taxa de câmbio brasileira”, afirma.
O otimismo com a projeção de corte de juros no Brasil e nos Estados Unidos foi responsável pelo aumento de apetite por risco em pregões recentes. Após um período em baixa, a Bolsa tem feitos os analistas terem uma sensação de déjà vu, com o movimento do mercado financeiro retornando ao patamar do começo de novembro. No período, a Bolsa brasileira renovou recordes históricos de fechamento por 12 dias consecutivos.
Dados do IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15) divulgados na quarta-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), alimentaram a expectativa de que um ciclo de corte de juros no Brasil comece no primeiro trimestre de 2026.
Apesar de o levantamento registrar uma alta de 0,20% em novembro, acima da expectativa de 0,18% de economistas consultados pela Reuters, os dados mostraram que a taxa acumulada em 12 meses até novembro avançou 4,5%. É o teto da meta de inflação -3% medido pelo IPCA, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
Além disso, segundo o Caged na última quinta-feira (29), o Brasil abriu 85,1 mil vagas formais de trabalho em outubro. O resultado ficou bem abaixo da expectativa de economistas apontada em pesquisa da Reuters de criação líquida de 105 mil vagas.
Os sinais recentes do Banco Central têm sido mistos. Nesta quinta, Galípolo afirmou que a instituição vai manter o juros no nível necessário pelo tempo necessário para que a inflação convirja para a meta. A taxa básica de juros, a Selic, está em 15% ao ano, maior patamar em 20 anos.
Ele também disse que o cenário está andando na direção que o BC gostaria, mas não tão rápido quanto a autarquia gostaria.
Na última terça-feira (25), Nilton David, diretor de Política Monetária do Banco Central, afirmou que a expectativa é de que o BC realize cortes na taxa Selic, não aumentos. Ele não especificou quando essas reduções podem ser realizadas.
No cenário internacional, o dia é marcado liquidez restrita nos mercados, ainda em virtude do feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos. Nos últimos pregões, o desempenho da moeda americana foi impactado pelas expectativas de corte de juros nos EUA pelo Fed (Federal Reserve, banco central americano), que pesaram sobre a divisa e valorizaram o real.
Nos últimos dias, foram divulgados o livro Bege, relatório do Fed sobre as condições econômicas dos EUA e os índice de preços ao produtor e vendas no varejo, que tiveram resultados abaixo do esperado ou em linha com as projeções de economistas.
Segundo Leonel Mattos, da StoneX, os dados sugerem que a economia americana passa por um enfraquecimento. “Há uma expectativa de que as projeções por corte de juros na decisão de dezembro continuem sendo maioria”.
A ferramenta FedWatch, do CME Group revela que investidores veem uma chance de 84,9% de que o banco central americano reduza a taxa de juros para 3,50% a 3,75%, em dezembro -hoje é de 3,75% a 4,00%.
Reduções nos juros dos EUA costumam ser uma boa notícia para os mercados globais -e o oposto também é verdadeiro. Como a economia norte-americana é vista como a mais sólida do mundo, os títulos do Tesouro, também chamados de “treasuries”, são um investimento praticamente livre de risco.
Quando os juros estão altos, os rendimentos atrativos das treasuries levam operadores a tirar dinheiro de outros mercados. Quando eles caem, a estratégia de diversificação vira o norte, e investimentos alternativos ganham destaque.