[AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DC NEWS]
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima crescimento de 1,8% para o varejo restrito neste ano e o dobro (3,7%) para 2026. Alta moderada, diz a entidade, “mas com sinais claro de fortalecimento”. Para a CNC, essa trajetória de expansão continuará “à medida que a inflação segue controlada e a atividade econômica avança de forma gradual”. A projeção foi divulgada após a publicação, pelo IBGE, da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) referente a outubro. O levantamento mostrou resultado favorável em relação a setembro, embora o varejo – restrito e ampliado – esteja em desaceleração. A projeção da CNC fica próxima da feita pelo Instituto de Economia Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo (IEGV-ACSP), de 2% para 2025. Ambas representam menos da metade do crescimento das vendas do varejo em 2024: 4,7%, segundo a PMC-IBGE.
“Os resultados reforçam a capacidade de resiliência do comércio”, disse o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros. “A recuperação tende a ganhar tração em 2025 e 2026.” Isso deve acontecer, segundo ele, quando se dissiparem os efeitos de “choques recentes”, tornando o ambiente de consumo mais previsível. A alta de 0,5% no varejo restrito de setembro para outubro ficou em linha com a estimativa da confederação. O acumulado em 12 meses mostra perda de ritmo – chegava a 3,4% em abril e agora está em 1,7%.
Na análise da CNC, o fim do tarifaço norte-americano para setores da economia brasileira “reduz potenciais efeitos adversos na atividade doméstica”. Mas mesmo durante a vigência das altas impostas pelo governo dos Estados Unidos, a entidade não identificou impactos relevantes no comércio. “As tarifas incidiram majoritariamente sobre bens industriais, com baixa transmissão direta ao varejo interno.”
O economista João Marcelo Costa fala em “dinamismo moderado”, conduzido pelos atuais fundamentos do setor. Por um lado, a demanda por bens duráveis continua limitada devido ao encarecimento do crédito. “Mas os segmentos menos dependentes de financiamento continuam sustentando o ritmo do varejo.” Assim, enquanto a projeção de 2025 considera esses fatores, o próximo ano “deve registrar aceleração com a normalização progressiva das condições monetárias”. Em outras palavras, a taxa de juros, que segundo a CNC pressiona particularmente o varejo ampliado (0% no acumulado em 12 meses. “Setores sensíveis a financiamento, como veículos e materiais de construção, permanecem limitados pelo custo elevado do crédito ao consumidor.”
O grupo de maior peso no varejo restrito, que inclui super e hipermercados, além de produtos alimentícios, ficou estável no mês. Para a CNC, isso reflete a desaceleração da inflação do grupo Alimentação&Bebidas no IPCA: 0,01% em outubro, o menor para o mês desde 2017. Em novembro, o índice para esse mesmo grupo ficou em -0,01%. A confederação cita também a alta de 1,4% no volume mensal de vendas de combustíveis&lubrificantes, após dois meses de queda. “A recomposição da demanda, combinada à maior atividade logística típica do período, explica o avanço.” Aumento acumulado em 12 meses é de 0,5%.