[AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DC NEWS]
Com o bacalhau e vinhos mais caros este ano, na monta de 17,6% e 16,3%, respectivamente, a cesta natalina acumula um aumento de 7% nos últimos 12 meses. O acumulado desde novembro de 2023 é de 11,7% e, nos últimos cinco anos, chega a 49,5%, de acordo com uma pesquisa divulgada pela consultora Rico, que faz parte da XP Investimentos. A valorização mais recente dos produtos supera a inflação, medida pelo IPCA, que atingiu 4,6% em novembro, segundo o IBGE. Ainda que despendendo mais recursos com a ceia, ou mudando o cardápio, o brasileiro ainda pretende gastar com presentes natalinos. Segundo estudo da plataforma PiniOn, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), 45,6% dos consumidores pretendem presentear alguém nas festas de final de ano. “A perspectiva é positiva devido ao aumento da renda, à melhoria do emprego e à expansão do crédito”, disse o economista da ACSP, Ulisses Ruiz de Gamboa.
Em termos de tíquete médio, a maioria (66,3%) pretende gastar entre R$ 50 e R$ 500. Entre os que planejam realizar compras no período, 36,2% pretendem gastar mais do que em 2024 e 41,1% desejam economizar. A pesquisa também apontou que a maioria das compras seria realizada em grandes redes do varejo (46,5%), e de forma presencial (48,1%), como é costume no Natal. Daqueles que manifestaram intenção de comprar, 43,7% disseram que utilizariam a segunda parcela do 13º para presentear, enquanto 39,1% não estão dispostos a usá-la como forma de financiamento. Roupas, calçados e acessórios (45,5%) continuam sendo os principais itens da lista, que somados a outros de uso pessoal, tais como joias, bijuterias e perfumes, perfazem 83,1% das intenções de compra. Celular, computador, notebook, tablet e eletrodomésticos apresentaram as intenções de compra mais elevadas do que em 2024 (14% e 29,9%, respectivamente).
Sobre o comportamento dos preços com relação aos itens mais usados na ceia de Natal e Ano Novo, a analista de pesquisa da Rico, Maria Giulia Figueiredo afirmar ser comum essa virada nos valores, mesmo em um cenário macro de deflação. “No fim do ano, categorias sensíveis à demanda e ao câmbio aceleram novamente, fazendo com que o consumidor sinta mais.” Segundo a Rico, o único item a se desvalorizar na cesta de produtos do Natal foram as frutas, com recuo de 0,6%, enquanto os outros produtos (num total de seis itens analisados) também tiveram alta, como o filet mignon (+4,9%), o leite condensado (+2,3%) e o queijo (+1,9%). “No último ano, o peso veio dos importados”, disse a pesquisadora. “Mesmo com a valorização do real ao longo de 2025, o câmbio ainda pressiona produtos sazonais como bacalhau e vinhos.” A desvalorização das frutas (pela primeira vez na série histórica) se deve a uma com melhora de oferta na base produtiva e o custo do frete menos pressionado, segundo a consultoria.
Na série de aumento dos últimos cincos anos, contudo, as frutas foram o principal vetor do encarecimento da cesta natalina, com acúmulo de 93%. No total de itens, uma família que gastava R$ 1 mil com a ceia, hoje desembolsaria R$ 1.495,70 — cenário econômico que reflete um mercado de trabalho aquecido, demanda resiliente e itens cujos preços seguem aumentando acima da média. Nas categorias de produtos voltadas a presentes, apenas as roupas superaram o IPCA no acumulado do ano, com alta de 5,1%, ao passo em que os perfumes tiveram queda de 0,7%, brinquedos e flores sofreram leves aumentos de 1,7% e 1,4%.