PF, BNDES e bancos fazem acordo contra avanço do crime organizado sobre sistema financeiro

Uma image de notas de 20 reais

Crédito: Bruno Peres/Agência Brasil

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Polícia Federal, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) firmaram, nesta segunda-feira (22), um acordo de cooperação técnica (ACT) para implementar ações conjuntas de combate ao crime organizado e cibernético.

A parceria, fechada em resposta ao avanço do crime organizado sobre o mercado financeiro e o Sistema Financeiro Nacional (SFN), visa promover o intercâmbio de informações em assuntos que envolvam lavagem de dinheiro, crime organizado e cibernético, exceto quando se tratar de dados protegidos por sigilo.

Durante a sessão de celebração do ACT, houve menções à Operação Carbono Oculto, que investigou fundos exclusivos suspeitos de lavagem de dinheiro, e ao ataque hacker à C&M Software que desviou R$ 813,79 milhões de contas mantidas junto ao Banco Central.

Entram no acordo ameaças cibernéticas que tenham relação com o SFN e a elaboração de pesquisas, estudos científicos e tecnológicos sobre crimes financeiros. Inclui ainda eventos e cursos de capacitação para o aprimoramento da prevenção e da repressão à lavagem de dinheiro e ao crime organizado.

De acordo com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, a tecnologia, incluindo outro acordo de cooperação com a Febraban que vem desde 2009 (a plataforma Tentáculos que reúne informações sobre fraudes financeiras), resolveu um gargalo de milhares de inquéritos no combate aos crimes cibernéticos.

“Nós tínhamos dezenas de milhares de inquéritos e perdíamos o foco inicial que era o autor. Foi possível agregar todas essas ocorrências e alimentar um sistema organizado, moderno e com inteligência artificial. A gente junta cem, às vezes mil fraudes, para chegar ao que importa: o autor do crime financeiro”, diz Rodrigues.

De acordo com o assessor de prevenção à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo da Febraban, Eli da Silva, 25 instituições financeiras assinaram o acordo de cooperação. “Essas empresas correspondem a 97% dos valores transacionados por bancos no país”, disse.

Houve 208 bilhões de transações só em 2024, segundo Silva. “É humanamente impossível monitorar tudo. Por isso, é preciso fazer um filtro com tecnologia.”

Cada uma das instituições tem um arsenal de pistas que usa para identificar crimes financeiros, as chamadas tipologias. A ideia do acordo é criar uma biblioteca ampliada dessas tipologias. Nesse projeto, o BNDES tem um lugar estratégico por ter acesso às movimentações de grandes negócios que se aplicaram a editais de financiamento.

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, afirmou que o banco de desenvolvimento também investirá na capacitação da Polícia Federal.

Segundo ele, o investimento na PF compensa, a exemplo de contratos anteriores. “Só no combate ao tráfico ilegal de ouro já se bateu. Colocamos trezentos e poucos milhões de reais e recuperamos mais de R$ 400 milhões.”

Rodrigues, da PF, espera incluir a Interpol na cooperação já no ano que vem. “Nós temos hoje o orgulho de dizer a todos que temos um brasileiro à frente da Interpol, que vai permitir também avanços que nós queremos trazer.”

Hoje, a entidade é comandada pelo secretário-geral Valdecy Urquiza.

Voltar ao topo