Acareação entre Vorcaro e ex-BRB tratou de venda de carteiras de crédito podre de R$ 12,2 bi

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Crédito: Bruno Peres/Agência Brasil

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A acareação feita na noite desta terça-feira (30) pela Polícia Federal a mando do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), tratou de divergências sobre a venda de R$ 12,2 bilhões em créditos inexistentes, segundo os investigadores, do Banco Master para o BRB, o banco estatal de Brasília.

A PF colocou frente a frente o ex-presidente do BRB Paulo Henrique Costa e o banqueiro Daniel Vorcaro, dono do Master, após os dois prestarem depoimentos individualmente. O diretor de Fiscalização do Banco Central, responsável por supervisionar as instituições, ficou de fora da acareação.

Costa afirmou, por meio de sua defesa, que não houve contradições nos depoimentos dos dois.

“Não houve contradições entre seu depoimento e o de Daniel Vorcaro, mas apenas percepções distintas sobre os mesmos fatos”, informou a defesa, em nota.

Nos bastidores, os executivos trataram as versões distintas para o negócio como “diferenças”, não como contradição, uma vez que a operação foi objeto de contrato entre os dois bancos. Ao Master, coube explicar por que gerou a carteira de créditos e as suas características. Sobre o BRB, os investigadores buscaram saber por que comprou e como foi processada a operação.

A defesa de Costa afirma acreditar que as explicações foram dadas a contento.

“A acareação realizada foi breve e suficiente para esclarecer essas diferenças. Paulo Henrique Costa foi ouvido por mais de duas horas, respondeu a todos os questionamentos e sempre destacou que sua atuação se deu no âmbito de decisões técnicas, colegiadas e formalmente documentadas, indicando os registros que comprovam a correção e a regularidade de sua atuação como presidente do Banco BRB”, informou.

A defesa de Vorcaro não se manifestou.

O BRB tem como estratégia tomar distância dos aspectos que levaram à liquidação do Master e tem defendido que a compra e venda de carteiras de crédito é algo usual no mercado bancário.

A audiência na qual ocorreram os depoimentos começou por volta das 14h com divergências entre a delegada da Polícia Federal que conduziria os atos, Janaina Palazzo, e o juiz auxiliar de Toffoli, Carlos Vieira von Adamek.

A delegada disse ao juiz que não havia determinação do ministro na realização de depoimentos individuais, apenas da acareação entre Vorcaro, Paulo Henrique Costa e Ailton de Aquino.

Pessoas com conhecimento da situação afirmam que Adamek teve que ligar de viva-voz para Toffoli, que informou ter determinado que os depoimentos fossem colhidos, e depois os termos registrados em ata.

Após o impasse, foi iniciado o depoimento de Vorcaro, que durou aproximadamente 2h30, e se encerrou por volta das 17h. Em seguida, foi colhido o depoimento de Paulo Henrique Costa, ex-presidente do BRB (Banco de Brasília).

Logo no início, o gabinete de Toffoli já identificava contradições entre as falas dos dois depoentes, e sinalizava a necessidade de uma acareação posterior, para confrontar as versões.

Costa encerrou o seu depoimento aproximadamente às 19h40, quando Ailton de Aquino, do Banco Central, foi chamado a depor. Pessoas ligadas a Toffoli consideraram que as falas de Aquino foram valiosas e forneceram informações que deixaram tanto Vorcaro quanto Costa no que chamaram de “situação difícil”.

Às 21h, ele foi dispensado da acareação, sob a justificativa de que o seu depoimento foi claro, com dados precisos e sem contradições.

Pessoas ligadas a Toffoli disseram que foi o próprio ministro, por meio do juiz auxiliar, que decidiu pela dispensa e, em comum acordo, as autoridades presentes decidiram pela continuidade da acareação. O procedimento foi mais rápido do que a tomada de depoimentos, e se encerrou por volta das 21h30.

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