[AGÊNCIA DC NEWS]. Apesar do cenário macroeconômico adverso, com a trajetória dos juros para cima, pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat) mostra mais empresas dispostas a investir nos próximos 12 meses. Agora, 83% das companhias associadas afirmam que pretendem investir, ante 62% em igual período do ano passado. O setor acumula alta de 5,6% no faturamento em 2024, até novembro, desempenho que deve se confirmar no fechamento anual. Será o primeiro resultado positivo desde 2021. Para 2025, a entidade espera crescimento mais moderado, em torno de 3%. Em entrevista recente, o presidente da Abramat, Rodrigo Navarro, disse que a demanda deverá continuar forte, principalmente devido a políticas públicas voltadas para a construção e para a área de infraestrutura. Casos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e do Minha Casa, Minha Vida.
Divulgado nesta quarta-feira (8), o Termômetro da Indústria de Materiais de Construção indica ainda que 44% dos associados consideraram dezembro um mês de boas vendas e 11%, um período muito bom. Para 28%, foi um mês regular, enquanto 17% avaliaram o comportamento do setor como ruim. Em relação a janeiro, 44% acreditam que o primeiro mês do ano será bom e 17%, muito bom. Para 33%, será regular e para 6%, ruim.
“Os resultados refletem o dinamismo e os desafios do setor”, afirmou Navarro. Após um cenário moderado em dezembro e uma leve queda no nível de utilização da capacidade instalada, mas com melhores números que em 2023, há um aumento significativo na intenção de investimentos das empresas. Esses dados sinalizam a resiliência da indústria e a confiança em um mercado mais favorável, na análise do presidente da entidade. “Um dado que ilustra isso é que dos R$ 1,6 trilhão de investimentos para os próximos cinco anos referentes à Missão 3 da NIB (Nova Indústria Brasil), R$ 1 trilhão vem da construção.”
Também o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) estima que o PIB do setor deverá crescer menos neste ano: 3%, ante 4,4% projetados para 2024. Inicialmente, segundo a entidade, os juros mais altos não têm impacto nas obras já contratadas, mas caso o ciclo de alta permaneça poderá haver redução do ritmo da atividade. “É uma desaceleração, não estamos falando em contração, mas temos uma condição posta agora, que é a Selic”, disse a coordenadora de Projetos da Construção do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre), Ana Maria Castelo Porém. Ela avalia que diante do cenário, o custo do crédito, seja para infraestrutura ou para o mercado imobiliário, realmente será uma questão importante. Segundo a Abramat, este estudo se baseia na percepção das principais lideranças da indústria e serve como um indicador para o planejamento estratégico das empresas.