ARTIGO, por Sandra Comodaro. "A presença feminina nos conselhos fortalece a governança"

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Sandra Comodaro, advogada, fundadora do Grupo Conselheiras e colunista da Agência DC NEWS
(Divulgação)
  • "A presença de mulheres nos conselhos não é apenas uma questão de justiça social, mas também um diferencial estratégico"
  • "Ao ocupar o mais alto nível de decisão, as mulheres tornam-se inspiração para outras, ampliando a participação feminina em todo o mercado"
Por Sandra Comodaro | colunista

Nesta primeira coluna na Agência DC NEWS, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), abordo um tema que tem sido fonte de inspiração nos meus últimos anos. Após 15 anos na sociedade de uma banca de advogados, onde implantei algumas filiais no Sul do Brasil conduzindo mais de 800 empresas, montei meu escritório em São Paulo e na transição fui convidada pra ser conselheira de empresas e entidades de classe. Em agosto de 2022 fundei um grupo com conselheiras e C-Levels, e hoje já somos quase 2 mil mulheres no Brasil e no exterior, com 20 encontros-aulas com nomes renomados. Agora com homens também.

Sempre fui defensora da mulher e agora também com a importante bandeira que visa criar e propor políticas para incrementar mais mulheres em conselhos. Em breve, teremos um Instituto com muitas ações sociais com essa finalidade. Tenho convicção de que a presença de mulheres em conselhos e Comitês é essencial para promover diversidade, equidade e inovação nas organizações e na sociedade. Neste artigo, elenco quatro pontos sobre a questão.

1. Diversidade e tomada de decisão
Estudos mostram que equipes diversas tendem a tomar decisões mais acertadas e inovadoras. Trazendo diferentes perspectivas, experiências e formas de pensar. Mulheres trazem à mesa sensibilidades e competências que complementam as habilidades tradicionais encontradas em conselhos predominantemente masculinos. Essa complementaridade amplia a visão estratégica, identificando oportunidades e riscos que poderiam passar despercebidos.

2. Melhoria do desempenho financeiro
Entendo que há uma correlação positiva entre a diversidade de gênero nos conselhos e o desempenho financeiro das empresas. Organizações com maior participação feminina nos conselhos tendem a apresentar margens de lucro superiores e melhor desempenho em indicadores. Mulheres, em muitos casos, adotam abordagens mais colaborativas e ponderadas, priorizando a sustentabilidade e o crescimento responsável. Além disso, conselhos diversos tendem a aumentar a transparência e a governança, resultando em maior confiança dos investidores.

3. Reforço da governança corporativa
A presença feminina nos conselhos fortalece a governança corporativa ao promover uma cultura de maior ética e responsabilidade social. Além disso, mulheres geralmente têm um olhar atento às questões de ESG (Ambiental, Social e Governança), que são cada vez mais valorizadas no mercado. Essa sensibilidade pode orientar as empresas a adotarem práticas mais sustentáveis e responsáveis, respondendo melhor às exigências de consumidores, investidores e órgãos reguladores.

4. Representatividade e impacto social
A inclusão de mulheres nos conselhos é um passo significativo para a equidade de gênero e a promoção de direitos. Conselhos que refletem a diversidade da sociedade em que estão inseridos têm um papel crucial na quebra de estereótipos e no combate às barreiras estruturais que impedem a ascensão feminina em cargos de liderança.

Ao ocupar assentos no mais alto nível de tomada de decisão, as mulheres tornam-se referências e inspiração para outras, ampliando a participação feminina em todas as esferas do mercado de trabalho. Cria-se um ciclo de inclusão e desenvolvimento de talentos, permitindo que mais mulheres busquem qualificação e oportunidades para alcançar cargos de alta liderança.

Além disso, a diversidade nos conselhos sinaliza para os stakeholders (colaboradores, investidores e consumidores) o compromisso com a igualdade, o que fortalece a reputação e a legitimidade organizacional.

Conclusão
A presença de mulheres nos conselhos não é apenas uma questão de justiça social, mas também um diferencial estratégico. A diversidade traz melhorias comprovadas no desempenho financeiro, na governança corporativa e na inovação, e reforça o compromisso com valores de ética, sustentabilidade e inclusão.Garantir espaços para mulheres nos conselhos não é apenas um imperativo moral, mas uma decisão para construir organizações com maior governança.

SANDRA COMODARO
Administradora, advogada e pós-graduada pelo Mackenzie-SP, é conselheira de empresas e também de entidade de classe. Fundadora e idealizadora do Grupo Conselheiras, que reúne quase 2 mil C-Levels e conselheiras nas maiores empresas do Brasil e exterior. Coautora do livro O Protagonismo das Mulheres nos Negócios.

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