São Paulo, 5 de março de 2025 – O mercado de trabalho em seu melhor momento e uma consequentemassa de renda historicamente alta (R$ 40,6 bilhões no último trimestre de 2024, na capitalpaulista, o maior volume da série histórica do IBGE) fizeram com que o volume de famíliasinadimplentes em São Paulo caísse novamente em fevereiro, voltando ao patamar de setembro de 2024(19%), como mostra a Pesquisa do Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) da Federaçãodo Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP).
Na verdade, a pesquisa está abaixo da casa dos 20% desde agosto do ano passado, após ficar mais dedois anos acima desse patamar. Na comparação anual, em números absolutos, foram 108 mil lares quesaíram dessa situação em fevereiro. Também houve recuo no número de famílias sem condiçõesde pagar suas contas atrasadas, de 8,7% em janeiro para 8,3%, o melhor desempenho desde setembro.
A pesquisa da FecomercioSP ainda permite ver que vários outros aspectos que compõem o fenômeno doendividamento e da inadimplência retraíram no mês em questão. Um deles, por exemplo, é o tempomédio de atraso nas dívidas, que hoje está em 63,1 dias. No mesmo mês do ano passado, essenúmero era 66,2 dias. Esse é um dado relevante, na análise da Federação, porque significa que ojuro rolado com a despesa não quitada tende a ser menor, o que favorece um retorno mais rápido dafamília ao ambiente de consumo.
Outro é a retração do tempo comprometido com dívidas não atrasadas, como financiamentos, porexemplo, que ficou em 7,6 meses. Mais da metade (56%) das contas dos paulistanos, na verdade, nãopassa do médio prazo.
Esse contexto se explica, em sua totalidade, porque o grosso das dívidas na cidade é feito comcartão de crédito, mais especificamente, 82% das famílias endividadas citam a fatura como adespesa a ser paga no horizonte próximo. Os dados do Banco Central apontam que o sistema decrédito continua em vigoroso crescimento, tanto na modalidade à vista quanto na parcelada.Ressalte-se que essa taxa é uma retração em relação à média de 2024, que foi de 85%, segundoos dados da FecomercioSP.
Na contramão desse cenário, o número de famílias endividadas voltou a subir. Em fevereiro, 67,7%dos lares encontravam-se nessa situação, em janeiro havia 67,2%. Entretanto, na comparaçãoanual, houve queda de 0,4 pontos porcentuais (p.p.) nesse número, que chegou a 71,7% na metade de2024. Em números absolutos, são 2,77 milhões de casas endividadas na cidade. A leitura daEntidade é que esse fenômeno pode ser também efeito do mercado de trabalho aquecido e da massa derenda, que faz com que mais pessoas façam compras de médio prazo.
Tão importante quanto é que o montante da renda comprometida com dívidas segue em baixahistórica. Em fevereiro, 29,3% dos rendimentos dos lares, na cidade de São Paulo, estavamdirecionados para pagar contas desse tipo. Ou seja, mais de dois terços da renda permanece livrepara outros tipos de gastos dentro do orçamento doméstico
A FecomercioSP também perguntou aos paulistanos sobre a intenção de obter empréstimos nospróximos meses. No mês da análise, 17% das pessoas disseram que pretendiam obter dinheiroemprestado a médio prazo, número que era de 18,1% em janeiro. Nesse grupo, quase a totalidade(89,3%) justifica a demanda por recursos para realizar compras.
Segundo a pesquisa, nunca houve tanta gente disposta a usar o Pix desde que ele foi criado, em 2020.No total, 26,3% dos entrevistados mencionaram que essa é a modalidade mais vantajosa para quitarcontas. Não é apenas facilidade, indica a FecomercioSP, mas o fato de as famílias terem dinheirodisponível para arcar com o consumo.
Essa percepção reforça a análise da Federação de que a renda familiar está em elevação porcausa do mercado de trabalho, que, mais do que isso, tem funcionado como um escudo contra ainflação. No passado recente, quando os preços subiam, as famílias corriam para o cartão decrédito para manter os gastos cotidianos. Agora, parece estar acontecendo uma realocação derecursos, em que, em um contexto inflacionado, as pessoas tiram dinheiro de áreas como o lazer paramanter o consumo essencial.
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