Governo de zerar alíquotas de importação de produtos populares, Musk sai das graças de europeu e o que importa no mercado

Uma image de notas de 20 reais

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Explico a medida do governo de zerar alíquotas de importação de produtos populares para tentar segurar a inflação dos alimentos, Elon Musk sai das graças de europeus depois de associação à extrema direita na Alemanha e outros destaques do mercado nesta sexta-feira (7).

**TOMANDO UM OLÉ DA INFLAÇÃO**

Em uma tentativa de driblar o aumento do nível dos preços dos alimentos, o governo vai zerar a alíquota de importação para produtos considerados importantes para as famílias brasileiras.

Entre eles: carne, café, milho, óleo de girassol, óleo de palma (azeite de dendê), azeite de oliva, sardinha e açúcar.

Itens da cesta básica já têm os impostos de importação zerados.

O vice-presidente, Geraldo Alckmin, disse nesta quinta-feira (6) que o governo federal vai fazer um apelo aos estados para que retirem impostos estaduais.

As medidas devem entrar em vigor nos próximos dias, depois que as notas técnicas dos setores e dos ministérios do Desenvolvimento Agrário e o da Agricultura e Pecuária forem recebidas.

CONTEXTO

Se você mora no Brasil, é provável que tenha sentido o bolso doer ao fazer as compras do mês. Sobretudo café e ovos estão mais caros.

O preço médio dos alimentos quase chegou à deflação (entenda aqui) no meio de fevereiro, mas voltou a subir no fim do mês.

A inflação dos alimentos foi de 0,43%, acumulando 1,11% no ano.

O governo (e os analistas) acreditam que o aumento nas etiquetas serve de combustível para o crescimento da reprovação do terceiro mandato de Lula (PT) na presidência e procuram formas de driblar a inflação da comida.

Tentativa #1. Ao zerar os impostos que empresas pagam quando compram os alimentos de outros países, o governo espera que preços menores sejam repassados ao consumidor.

Hoje, por exemplo, é cobrado uma taxa de 10,8% na importação de carne e 9% na de café.

“É preciso destacar que tivemos, no ano passado, uma queda grande nos preços dos alimentos no Brasil. Depois é que aumentou, motivado por uma seca excepcional e também pelo dólar”, disse o vice-presidente.

Há quem discorde. A derrubada de impostos será inócua segundo o presidente da Abramilho (Associação Brasileira dos Produtores de Milho), Paulo Bertolini.

“É uma sinalização de que o governo não sabe o que faz, não sabe dos efeitos do que está fazendo e sinaliza uma intervenção no mercado”, declarou.

**QUEM FALA O QUE QUER, OUVE O QUE NÃO QUER**

As vendas da Tesla, fabricante de carros elétricos comandada por Elon Musk, despencaram pelo segundo mês seguido na Alemanha.

A indisposição dos alemães com a montadora começou na posse de Donald Trump, em 20 de janeiro, quando o CEO da empresa discursou e fez um sinal que foi interpretado por alguns como uma saudação nazista.

Ainda, o bilionário pediu votos para a extrema direita, relativizou o peso da Segunda Guerra e do Holocausto na sociedade alemã, ofendeu do primeiro-ministro ao presidente e alimentou bafafás no X.

Ideia errada na hora errada. Musk já atrairia os holofotes se estes fossem tempos comuns, mas, para ajudar, tudo aconteceu no período eleitoral: os alemães foram às urnas no dia 23 de fevereiro para escolher quem vai ocupar o parlamento.

A partir de suas declarações e atitudes, o CEO da Tesla virou uma pauta central nos debates antes do pleito. Ele chamou a atenção ao participar de um comício do partido de extrema direita AfD, que alcançou a segunda maior bancada do parlamento.

A AfD afirma não compactuar com as ideologias nazistas. No partido, há membros investigados por discurso de ódio e neonazismo.

Em números, o impacto de Musk nos resultados da Tesla:

– 76% é o tombo das vendas da montadora em fevereiro, na comparação com o mesmo mês do ano passado;

– 59% foi a queda em janeiro, também em relação ao mesmo mês em 2024.

Manifestantes protestam em Berlim usando máscaras de Elon Musk, Alice Weidel (líder do AfD) e Donald Trump

PROTESTOS

Carros da Tesla passeiam em cidades alemãs adesivados com os dizeres “comprei isto antes de o Elon enlouquecer”. Pontos de ônibus também foram estampados com dizeres contra o CEO.

Em uma fábrica dos automóveis no subúrbio de Berlim, houve protestos e uma projeção na fachada denunciando a radicalização do empresário, mostrando a saudação interpretada como um aceno ao neonazismo.

O modelo Y da montadora, antes o mais vendido do mercado alemão, está na sétima colocação agora.

Além-fronteira. Outros europeus também estão reticentes com as empresas do bilionário. Na França, que é o segundo maior mercado de elétricos da Europa, uma concessionária da Tesla foi alvo de um incêndio suspeito que destruiu ao menos 12 veículos.

Mesmo em países onde a frota de carros à combustão está sendo substituída por elétricos mais rapidamente, as vendas caíram.

96% dos veículos novos comprados na Noruega são elétricos. Ainda sim, a Tesla vendeu 44% menos por lá nos dois primeiros meses deste ano –no mesmo período, o mercado cresceu 53%.

Dinamarca e Suécia imitam o boicote, comercializando menos 48% e 42%, respectivamente, em Teslas.

**VALE DE OLHO NA IA**

A Vale Base Minerals, subsidiária da Vale que cuida das reservas da holding que não são de minério de ferro, quer acelerar seu plano de extração de cobre na Amazônia para os próximos anos.

O movimento é uma forma da empresa tentar garantir o seu lugar na expansão de mercados como a transição energética e a ascensão da inteligência artificial.

ENTENDA

O cobre é bastante associado a processos elétricos. Com setores dependentes de combustíveis fósseis migrando para o abastecimento elétrico, é esperado que a demanda pelo metal cresça bastante nos próximos anos.

A corrida pela inteligência artificial também vai contribuir com a procura pelo cobre. Ele é necessário para a instalação de equipamentos de resfriamento dos data centers, sem os quais não há ChatGPT, nem IA alguma.

Elétricos precisam de 2,5 vezes mais cobre do que carros à combustão, o que fará com que a demanda do setor automobilístico aumente de 2,5 milhões de toneladas para 37 milhões até 2031.

COLOCANDO NO PAPEL

A Vale planeja extrair entre 420 mil toneladas e 500 mil toneladas de cobre por ano a partir de 2030, considerando todas as suas minas, inclusive as do Canadá.

Ainda, prevê que a produção cresça para 700 mil toneladas antes de 2035, sendo a maior parte vinda de novos projetos da mineradora no sudeste do Pará, na Amazônia.

A Vale estima que o mundo precisará até 2050 de 150% mais cobre do que foi minerado em toda a história até 2018;

“Há 11.800 data centers no mundo, sendo que pouco mais de 5.400 estão nos EUA. A projeção é que até o final da década haverá 10 mil só nos EUA”, disse Shaun Usmar, CEO da divisão da Vale com sede no Canadá.

TENTANDO ENTRAR NO MAPA

O Brasil, mesmo sendo a maior fonte do minério para a Vale, ainda é irrelevante no mercado mundial, se comparado aos maiores produtores.

O Chile, maior produtor global, extraiu 5,3 milhões de toneladas do metal em 2024. O Brasil, 300 mil.

O crescimento da exploração do cobre preocupa ambientalistas, que vêem riscos ambientais e sociais, sobretudo nas regiões amazônicas.

**PARA VER**

Banksters (2017)

Banksters. Prime Video, 96 min.

Em 2012, foi deflagrado um escândalo bancário envolvendo o HSBC, uma das maiores instituições financeiras do mundo.

Tudo começou com o vazamento de dados de mais de 100 mil clientes de 203 países que mantinham contas na filial do banco na Suíça. A partir dos dados revelados, investigações mostraram esquemas de lavagem e desvio de dinheiro envolvendo correntistas.

Anos depois, documentaristas revisitaram essa história, revelando bastidores inéditos até o momento. O título é um joguete com o que vem por aí: uma união entre as palavras “bankers” (banqueiros, em português) e “gangsters”.

O filme é dirigido por dois franceses, Jérôme Fritel e Marc Roche, que também dirigiram o documentário “Goldman Sachs: The Bank That Rules The World” (“Goldman Sachs: O Banco Que Controla o Mundo”, em tradução livre) –mais uma indicação aí.

**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**

Deu para trás. Pela segunda vez, Donald Trump suspendeu a efetividade das tarifas de 25% sobre importações do Canadá e do México –dessa vez até 2 de abril.

O Pix mudou…e é melhor você ficar por dentro. Uma das principais novidades é que instituições de pagamento e bancos deverão excluir chaves Pix de pessoas que estejam em situação irregular com a Receita Federal.

Folia lucrativa. O Carnaval fez as vendas do comércio subirem 13%, segundo projeções do Itaú feitas a partir do movimento das maquininhas Rede.

Sem enrolação. 2025 vai ser diferente e você vai declarar o Imposto de Renda nos primeiros dias do prazo. Por quê? Aqui te damos cinco motivos para isso.

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