Trump está taxando todo mundo, enquanto Lula está reduzindo imposto de importação, diz Haddad

Uma image de notas de 20 reais

Crédito: Bruno Peres/Agência Brasil

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente americano Donald Trump “está taxando todo mundo”, enquanto o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reduz imposto de importação, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, nesta sexta-feira (7). A afirmação foi feita em entrevista ao Flow Podcast.

“O cara que o Bolsonaro apoia nos Estados Unidos está querendo taxar o mundo inteiro”, afirmou o chefe da Fazenda. Segundo Haddad, Trump anuncia taxas, para México, Canadá e até Brasil, como método de negociação.

Enquanto isso, lembrou Haddad, o governo brasileiro anunciou que uma série de produtos alimentícios, incluindo carne, café e azeite, terá alíquota de importação zerada como forma de reduzir os preços.

No tema da tributação, o chefe da Fazenda comparou a fama de ter aumentado impostos e o apelido “Taxadd” à propaganda nazista. “É aquela coisa do Goebbels, o ministro da propaganda nazista. Ele dizia, nos diários dele, que quando uma mentira grande é contada repetidamente, as pessoas acabam acreditando nela.”

De acordo com Haddad, o governo quer diminuir o gasto indireto com benefício fiscal e não aumentar a tributação. “É a grana que o rico não paga de imposto”, disse

“Tem cinco Bolsa Famílias de isenção fiscal”, acrescentou. Para o ministro, é justo que o governo queira fazer um ajuste de contas “com um viés social”, ao buscar tornar a tributação mais igualitária.

Ele ainda reconheceu a dificuldade de taxar os ultrarricos. “O pior é que esse cara conhece todo mundo em Brasília. O cara é bilionário, bilionário é outro jogo.”

Ele também creditou ao Congresso a cobrança de importação sobre marketplaces chineses, como Shein e Shopee. Desde o último 1º de agosto, vigora, no país, a lei -popularmente conhecida como “taxa das blusinhas- que estabeleceu a taxação em 20% para compras internacionais de até US$ 50 em plataformas internacionais.

“Aprovou, por unanimidade, inclusive com o apoio do PL do Bolsonaro, unanimidade, um mínimo de 20% do imposto de importação.”

“Poderia ter sido criado por portaria do Ministério da Fazenda. Não foi. Não foi porque o presidente não quis”, disse.

O chefe da Fazenda afirmou que esse debate era mais do interesse dos governos estaduais, porque os produtos brasileiros, que concorriam com os chineses, eram tributados com ICMS, coletado pelos estados.

“Se o [governador de São Paulo] Tarcísio [PL] vier aqui um dia, você não vai chegar para ele e perguntar: ‘Por que você taxou a Shopee?’ Porque você nem sabe que ele está taxando a Shopee”, disse ao entrevistador Igor 3k. “O Zema vai vir aqui e você vai falar: ‘Você taxou a Shein?’ Você nem sabe que é ele que está cobrando. A grana está indo para o cofre dos estados”, acrescentou.

O ministro também afirmou que houve confusão no episódio em que uma instrução normativa da Receita Federal para melhorar o gerenciamento de riscos ficou conhecida em publicações nas redes sociais como “taxa do Pix”.

Até então, os bancos tinham de informar à Receita todas as transações envolvendo mais de R$ 2.000. A ideia, segundo Haddad, era subir o valor fiscalizado para as movimentações de mais de R$ 5.000, para por uma lupa sobre as transações mais suspeitas de crimes financeiros, como lavagem de dinheiro

“Aí o [deputado federal] Nikolas [Ferreira] fez aquele negócio e ganhou aquela proporção toda”, disse o ministro, em referência ao vídeo do parlamentar com críticas à medida, que ultrapassou as 300 milhões de visualizações no Instagram.

“Na verdade, a Receita queria menos informação, sobretudo de valores baixos, para estar mais focada no que interessa. Porque nós vamos ter que enfrentar esse debate sobre o crime organizado no Brasil. Não vai ter jeito. Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), Receita, Polícia Federal, vão ter [que fazer isso]”, acrescentou Haddad.

O chefe da Fazenda elogiou o interesse da maior parte do Congresso em tornar o país mais seguro, sustentável e respeitado no exterior, mas disse que há exceções. “Tem um ou outro deputado que não segue muito essa cartilha.”

O ministro reconheceu, porém, que a Fazenda demorou para esclarecer as dúvidas sobre o monitoramento do Pix, o que teve influência na derrubada da instrução normativa.

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