ARTIGO, por Sandra Comodaro: "A importância da governança (e da sucessão) nas empresas familiares"

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Disputas familiares podem destruir legados centenários
(Dall-E/Imagem gerada por IA)
  • "Sem sucessores preparados, qualquer crise – interna ou externa – pode se tornar ponto final de uma história centenária"
  • "Sucessão familiar não é opcional. É um imperativo. Conduzi-la de maneira amadora é um erro que cobra um preço alto, muitas vezes impagável"
Por Sandra Comodaro | colunista

Por ter acompanhado alguns conselhos consultivos de empresas familiares, posso afirmar que sucessão familiar é um dos maiores testes de sobrevivência de uma empresa. Ignorá-la ou adiá-la pode abrir as portas para conflitos, desvalorização e até o fim de um legado que levou décadas para ser construído. As estatísticas estão aí: a maioria das empresas familiares não chega à terceira geração. Não porque faltou mercado, mas porque faltou algum planejamento e coragem para enfrentar o tema da sucessão de forma profissional.

A troca de liderança não é um rito de passagem simbólico. É uma operação que exige preparo, visão e desprendimento. Empresas que eventualmente negligenciam esse processo podem colocar em risco não apenas seus resultados, mas também os valores e a cultura que sustentaram seu sucesso até aqui. Sem sucessores preparados, qualquer crise – interna ou externa – pode se tornar o ponto final de uma história que deveria ser centenária. São situações evitáveis com um bom planejamento e um conselho ativo.

Planejar a sucessão é também profissionalizar a gestão. Não basta nomear herdeiros por afinidade ou tradição: é necessário formar líderes tecnicamente competentes e emocionalmente maduros para conduzir o negócio em contextos cada vez mais complexos e competitivos. Quando necessário, é preciso ter a coragem de abrir espaço para profissionais de mercado, mesmo que isso fira eventuais vaidades ou tradições familiares.

Escolhas do Editor

Empresas familiares sem planejamento sucessório podem ter grandes disputas, vaidades e decisões erradas. A sucessão clara e transparente com bons e experientes e imparciais conselheiros que garantam critérios objetivos e não em favoritismos é o único caminho para garantir a continuidade da empresa e preservar as relações familiares.

O futuro de uma organização depende diretamente da capacidade de engajar, desenvolver e empoderar a nova geração. Negligenciar esse processo é um erro estratégico grave. Sucessão não é apenas sobre transferir poder — é sobre renovar a energia da empresa, oxigenar suas ideias e garantir sua relevância para os próximos ciclos.

Fortalecer a governança, criar conselhos independentes com decisões, novamente, imparciais, formalizar acordos de sócios e estabelecer regras claras não são luxos: são medidas de sobrevivência. Empresas que investem seriamente na sua sucessão não apenas garantem a continuidade, mas ampliam sua valorização no mercado e conquistam a confiança de investidores, bancos e parceiros estratégicos.

A sucessão familiar não é opcional. É um imperativo. Conduzi-la de maneira amadora é um erro que cobra um preço alto, muitas vezes impagável. Preparar sucessores, planejar a transição e profissionalizar a gestão são atos de responsabilidade, visão e respeito pelo legado construído. Quem ignora essa verdade, corre o risco de ver o que construiu desmoronar diante dos próprios olhos.

Sandra Comodaro
Advogada. Conselheira. Fundadora do Grupo Conselheiras.

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