[AGÊNCIA DC NEWS]. O volume de vendas no comércio varejista variou -0,2% de abril para maio, na segunda queda mensal (-0,3% em abril). Cresce 2,1% em relação a maio do ano passado, mas os resultados mostram desaceleração: em abril, por exemplo, as vendas cresciam 5,1% sobre 2024. E há um ano, essa alta era de 7%, segundo a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), do IBGE. Como o ritmo deve se manter menor no segundo semestre, a expectativa é de vendas bem abaixo do registrado no ano passado (+4,1%). Segundo o economista Ulisses Ruiz de Gamboa, do Instituto de Economia Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo (IEGV-ACSP), a projeção é de crescimento de 2,1% em 2025 para o varejo restrito (que exclui Veículos&Peças e Material de Construção).
Neste ano, até maio, as vendas crescem 2,2%. Em 12 meses, 3%. No varejo ampliado, 0,3% no mês, 1,1% sobre maio de 2024, também 1,1% no ano e 2,4% em 12 meses. “O varejo continua perdendo ritmo”, disse Ruiz de Gamboa. “Os resultados vieram abaixo do esperado, tanto no restrito quanto no ampliado.” Segundo o gerente da PMC, Cristiano Santos, o cenário de quase estabilidade no indicador mensal se explica pelo resultado de março, que registrou o maior nível da pesquisa, iniciada em janeiro de 2000. É o que ele chama de efeito base. “Ou seja, estabilidade depois de alta. Não sendo uma alta qualquer, haja visto que março é o topo da série.”
De acordo com a pesquisa, seis das oito atividades tiveram alta em maio, na comparação com igual mês do ano anterior. Destaque para Tecidos, Vestuário e Calçados (+7,1%) e Móveis&Eletrodomésticos (+7%), Artigos Farmacêuticos, que inclui itens médicos e de perfumaria (+5,5%), e Equipamentos e material para escritório (+4,7%). Esse último, segundo o gerente da pesquisa, registrou resultados positivos em dois dos três últimos meses, refletindo a depreciação do dólar que ocorre desde fevereiro. “Já o resultado positivo para Móveis&Eletrodomésticos reflete um ano melhor para a categoria, que vinha se desenvolvendo com um certo viés negativo até o primeiro semestre do ano passado.”
Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) / IBGE
A desagregação mostra comportamentos diferentes: apenas as vendas de móveis caem 0,4% ante maio de 2024, enquanto as de eletrodomésticos crescem 9,2% na mesma base de comparação. Isso acontece também no acumulado do ano entre móveis (-2,1%) e eletrodomésticos (+6,9%). As vendas de Combustíveis&Lubrificantes recuam 0,6% no mês, têm alta (+0,4%) no ano e caem (-0,8%) em 12 meses. No varejo ampliado, Veiculos&Peças têm resultados positivos: 1,5%, 1,8% e 6,9%, respectivamente. Material de Construção cresce 4,7% no mês, 4% no ano e 5,7% em 12 meses. O atacado de produtos alimentícios e bebidas têm quedas de 5,1%, 5,7% e 7,2%.
“Se a gente pegar o varejo mais dependente da renda, o desempenho foi até relativamente menor que o varejo dependente do crédito”, afirmou Ruiz de Gamboa. “Os juros estão altos, mas o crédito ainda está fluindo, inclusive o novo consignado.” No caso dos eletrodomésticos, por exemplo, ele observou que os preços, além de influenciados pelo câmbio, são mais dependentes de crédito. Já o volume de vendas nos supermercados (+1,6% no mês) se beneficiou da queda nos preços dos alimentos (o IPCA-15 de junho teve deflação de 0,02% no grupo Alimentação&Bebidas, após alta de 0,39% no mês anterior). Mas, segundo Ruiz de Gamboa, “o que se espera do segundo semestre e no resto do ano é uma desaceleração gradual”.