Dólar comercial reduz alta, mas segue valorizado puxado por tarifas de Trump

Uma image de notas de 20 reais

Crédito: Bruno Peres/Agência Brasil

São Paulo, 10 de julho de 2025 – Depois de subir mais de 2% na abertura, o dólar comercialreduziu a alta, mas segue valorizado com o mercado digerindo a aplicação tarifa de 50% pelosEstados Unidos aos produtos brasileiros.

Felipe Papini, sócio da One Investimentos, disse que “o grande destaque hoje é em relação astarifas anunciadas ontem. Caso elas sejam de fato implementadas, o real deve se enfraquecer emrelação ao dólar porque o país passará a exportar menos para os EUA, fazendo com que a balançacomercial se deteriore”.

Cristiane Quartaroli, economista-chefe da Ouribank, disse que as tarifas de Trump pressionam ocâmbio.

“O dólar até reduziu um pouco a alta [da abertura]. Os dois últimos dias vimos uma pressão[no dólar] com o mercado já antecipando a questão das tarifas que foram anunciadas pelo Trump. Omercado vai continuar com esse comportamento de volatilidade por conta da incerteza que esse temagera. Nos próximos dias, o mercado vai ficar atento aos próximos passos do governo dos EstadosUnidos para entender se essas tarifas vão ser mesmo de fato vão ser implementas a partir do dia 1ºde agosto ou não”.

“Enquanto Trump sinaliza que as importações de cobre serão taxadas em 50% a partir de 01/08,os preços do minério de ferro sobem fortemente com as notícias de que o governo chinês devetomar medidas para conter o excesso de capacidade instalada na indústria. Moedas dos emergentes ede exportadores se fortalecem frente ao dólar”, avalia a Ajax Asset.

Em relatório divulgado pela manhã, a Asset considera fundamental que o Governo brasileiro atuediplomaticamente para reverter ou suavizar a medida, ao mesmo tempo em que busca diversificarmercados e apoiar os setores mais afetados.

“Desde o anúncio do ‘Liberation Day’ em 2 de abril, diversas tarifas impostas pelos EUA foramrenegociadas e/ou adiadas, após acordos bilaterais com os países impactados”, completa.

As tarifas anunciadas ao Brasil pelos Estados Unidos ontem, somadas à expectativa de novastarifas setoriais, devem elevar a tarifa efetiva média de importação dos EUA sobre exportaçõesbrasileiras em 35,5 pontos percentuais, o que pode reduzir o PIB do Brasil entre 0,3 e 0,4 pontopercentual (dos quais 0,1 p.p. já estava incluído no cenário base), sem considerar retaliaçõessignificativas. A avaliação é do Goldman Sachs.

“Ainda não está claro se, como e quando o Brasil retaliará. A inclinação política pode serno sentido de responder, mas esperamos que exportadores brasileiros pressionem o governo a buscar adesescalada”, afirma o banco, em relatório.

“A medida provocou forte reação institucional e política, sendo interpretada como parte deuma estratégia motivações mais políticas do que econômicas. O entendimento predominante é deque a taxação não deve ser lida como definitiva, mas sim como um instrumento de barganha dentroda retórica de força adotada por Trump”, acrescenta a Ativa Investimentos, em relatório matinal.

O Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 0,24% em junho ante maio, 0,02ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa de 0,26% registrada em maio. O resultado mensal foiinfluenciado, principalmente, pela energia elétrica residencial, que, com a vigência da bandeiratarifária vermelha patamar 1, registrou aumento de 2,96% no mês, sendo o subitem de maior impactoindividual no índice (0,12 p.p.). No ano, a inflação acumulada é de 2,99% e, nos últimos 12meses, de 5,35%. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE).

O resultado ficou acima das expectativas do mercado financeiro, de +0,19%, conforme oTermômetro Safras. O índice acumulado em 12 meses também ficou acima do estimado, de 5,31%.

Por volta das 11h58 (horário de Brasília), o dólar comercial subia 0,81%, cotado a R$ 5,5460para venda. O dólar futuro com vencimento em agosto caía 0,64%, cotado a R$ 5.575,500. O DollarIndex, que mede o comportamento da moeda americana frente a uma cesta de unidades, subia 0,25%, a97,80 pontos.

Soraia Budaibes e Dylan Della Pasqua (Safras News)

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