Alimentação é único dos 9 grupos a recuar no IPCA. Índice sobe 0,24% em junho e 5,35% em 12 meses

Uma image de notas de 20 reais
Aumento da área plantada não é acompanhado pela alta da demanda e faz preço do arroz recuar
(Divulgação)
  • Aumento da oferta leva a recuo nos preços de alimentos como arroz e ovos. Alimentação fora do domicílio em junho sobe menos sobre maio
  • Apesar da contribuição de Alimentação e Bebidas, o subitem com a maior alta entre todos os grupos é o da carne, com variação de 23,63%
Por Bruno Cirillo

[AGÊNCIA DC NEWS]. O grupo Alimentação e Bebidas é o único a registrar queda no mais recente Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o índice oficial da inflação, divulgado na quinta-feira (10) pelo IBGE. O indicador teve alta de 0,24% em junho. No acumulado em 12 meses, a variação chega a 5,35%, estourando não apenas a meta (3%) como o teto da meta (4,50%) estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para 2025. Itens como arroz e ovos de galinha, que nos últimos meses pressionavam os preços amplos, ajudaram a desacelerar o ritmo da inflação, resultando em queda de 0,18% na inflação dos Alimentos. Além de Educação, que não teve nenhuma variação (0%), os outros sete grupos analisados pelo IBGE apresentaram aumentos.

O arroz (-3,23%, segundo o IPCA) vem perdendo preço desde outubro de 2024, devido ao excesso de oferta, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). A área plantada cresceu 14% na safra de 2024/2025, chegando a 1,7 milhão de hectares, e o volume de produção, 14,8%, sendo estimado em 12,1 milhões de toneladas. Na comparação entre junho do ano passado e junho deste ano, os preços caíram 41,5% na base produtiva. Na comparação mensal — junho ante maio deste ano —, a queda foi de 9%.

“Os preços subiram bastante em 2024 e ficaram atrativos. O produtor aumentou a área, mas não houve incremento na demanda”, disse o pesquisador Lucilio Alves, do Cepea, pontuando ainda que o excedente de arroz produzido tampouco encontrou escoamento nas exportações, pois a oferta mundial está abundante. “No atacado, os preços começaram a cair a partir de janeiro. No varejo, vem sinalizando pequenas quedas mês após mês.” Na origem, a saca (50 quilos) que custava R$ 100 em janeiro, agora está custando R$ 67,80.

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O aumento da oferta e incentivos do governo à produção também foram fatores que levaram os ovos (-6,58% no IPCA) a um papel de destaque na desaceleração do índice inflacionário. Em 2024, a produção de ovos de galinha atingiu um recorde de 57,6 bilhões de unidades, aumento de 9,8% em relação ao ano anterior. Embora para 2025 seja esperado crescimento menor, a oferta deve se elevar 2,4% em relação ao ano passado, chegando a 59 bilhões de unidades, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Embora o produto tenha ficado mais barato em junho e julho, a inflação acumulada entre maio de 2024 e maio de 2025 foi de 25%, motivo que levou o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) a incluir os ovos em uma linha de crédito com juros baixos, a 3%, no Plano Safra da Agricultura Familiar 2025/2026, divulgado na semana passada. À Agência DC NEWS, o ministério afirmou que “tem o entendimento de que essa medida vai contribuir muito para a manutenção dos preços dos alimentos”.

Segundo o IBGE, houve também retração na alta dos preços da alimentação fora do lar, que ficou em 0,46% em junho, ante 0,58% em maio. O índice de difusão, que mede quantos subitens tiveram variação positiva em relação ao total de cada grupo, passou de 60% em maio para 54% em junho. Ou seja, foram menos alimentos com desvalorização no último mês, embora como um todo o resultado do grupo tenha sido favorável no sentido de desacelerar o índice inflacionário. Apesar da contribuição de Alimentação e Bebidas, o subitem que teve a maior alta entre todos os grupos foi a carne, com variação de 23,63%.

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