SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O economista americano Paul Krugman, vencedor do prêmio Nobel de Economia em 2008, criticou a sobretaxa de 50% anunciada pelos EUA sobre todos os produtos brasileiros. Em texto publicado na última quarta-feira (9), Krugman classificou a medida como “maligna e megalomaníaca”.
Segundo ele, com a sobretaxa, “Trump finge que existe uma justificativa econômica. Trata-se apenas de punir o Brasil por colocar Jair Bolsonaro em julgamento”.
“O Brasil tem mais de 200 milhões de pessoas. Veja para onde vão suas exportações: Essas exportações para os EUA representam menos de 2% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil. Trump realmente imagina que pode usar tarifas para intimidar uma nação enorme, que nem sequer é muito dependente do mercado americano, a abandonar a democracia?”, diz Krugman.
No texto, Krugman também defende que a ação poderia gerar o impeachment do republicano. “Se ainda tivéssemos uma democracia funcional, essa manobra com o Brasil seria por si só motivo para impeachment […] Estamos vendo mais um passo terrível na espiral de decadência do nosso país”.
Na carta enviada a Lula, Trump disse que os déficits com o Brasil são insustentáveis e que as taxas anunciadas nesta quarta-feira (9) serviriam para compensar barreiras supostamente impostas aos produtos americanos.
Entretanto, como mostrado pela Folha de S.Paulo, os números desmentem Trump e mostram que EUA têm superávit na relação com Brasil. Há 17 anos, o fluxo de bens entre os dois países favorece os americanos -que vendem mais do que compram.
O argumento foi utilizado pelo governo brasileiro para reagir à medida de Trump. “É falsa a informação, no caso da relação comercial entre Brasil e Estados Unidos, sobre o alegado déficit norte-americano. As estatísticas do próprio governo dos Estados Unidos comprovam um superávit desse país no comércio de bens e serviços com o Brasil da ordem de 410 bilhões de dólares ao longo dos últimos 15 anos”, escreveu Lula no X (antigo Twitter).
Segundo fontes do Palácio do Planalto, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) descarta responder ao anúncio do presidente americano de sobretaxar em 50% os produtos brasileiros por ora. Mas estuda medidas de retaliação caso as sobretaxas sejam aplicadas após 1º de agosto.