SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A agência de classificação de risco Moody’s elevou a nota de crédito a longo prazo da Argentina de “Caa3” para “Caa1”, ainda no grau especulativo, como resultado da liberalização de controles cambiais promovida pelo governo de Javier Milei
Segundo comunicado divulgado nesta quinta-feira (17), a decisão de elevar em dois patamares também reflete o acordo de US$ 20 bilhões com o FMI (Fundo Monetário Internacional) que aumenta a disponibilidade de liquidez em moeda forte e alivia a pressão sobre as finanças externas.
A Moody’s também alterou a perspectiva de positiva para estável, como fez para o Brasil em maio. Hoje, a nota do país é “Ba1”, seis posições acima da Argentina.
Segundo a Moody’s, a transição gradual para uma conta de capital mais aberta e a contínua liberação dos controles cambiais é um passo inicial em direção à sustentabilidade da dívida externa.
Em maio, o governo Milei anunciou medidas para que os argentinos tirassem dólares guardados “no colchão” para incentivar o uso de poupança guardada fora do sistema. Já o acordo com o FMI foi celebrado em abril.
“O processo de desinflação impulsionado por uma mudança contundente na política fiscal e macroeconômica e as reformas econômicas que buscam remover distorções de mercado e atrair investimentos reais também apoiarão o objetivo do programa do FMI de sustentabilidade do balanço de pagamentos a médio prazo”, afirma a agência no comunicado.
A manutenção da nota de crédito em nível especulativo é devida aos “fracos amortecedores externos” e aos “impedimentos estruturais ao investimento”.
Já o rebaixamento da perspectiva, de positiva para estável, reflete um equilíbrio de riscos de alta e baixa, já que os desafios e incertezas políticas na Argentina ainda persistem, disse a Moody’s.
“A recuperação econômica e o apoio popular às políticas de ajuste do governo antes das eleições legislativas de meio de mandato em outubro poderiam conceder ao governo um mandato político mais forte para acelerar sua agenda de reformas econômicas”.
Já os riscos de baixa derivam da remoção dos controles de capital e câmbio remanescentes, que poderiam reacender desequilíbrios macroeconômicos que comprometem a sustentabilidade do balanço de pagamentos.
Quando rebaixou a perspectiva do Brasil de positiva para estável em maio, a Moody’s disse que a decisão reflete a perda de fôlego dos fatores que vinham sustentando uma possível melhora na nota do país.
A agência cita o aumento expressivo do custo da dívida, a rigidez das despesas públicas e o ritmo mais lento que o esperado na construção de credibilidade da política fiscal, apesar do cumprimento das metas de resultado primário.
Para a agência, a rigidez nos gastos obrigatórios e o crescente pagamento de juros limitam a capacidade do governo de promover cortes de despesas para compensar o impacto do crescimento da dívida pública.