Sem novidades concretas nas negociações com os EUA, dólar e Bolsa fecham perto da estabilidade

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar e a Bolsa encerraram a sessão desta terça-feira (22) perto da estabilidade, com o mercado em compasso de espera por novas informações sobre os acordos comerciais entre EUA e vários países, incluindo o Brasil, que passará a ter sobretaxa de 50% a partir de 1º de agosto.

A moeda norte-americana fechou com uma variação positiva de 0,03%, cotada a R$ 5,566. Já a Bolsa caiu 0,09%, a 134.035 pontos, puxada para cima por Vale e Petrobras, mas com Itaú fazendo o contrapeso negativo.

Tanto no Brasil quanto no exterior, os mercados aguardaram por novidades sobre as negociações comerciais com os norte-americanos. Não houve um gatilho forte o suficiente para que os agentes alterassem suas posições.

O caso do Brasil segue sem avanços claros. A dez dias do prazo final para negociações, o governo Lula e o empresariado já estudam algumas formas de reagir à medida do governo americano.

Na perspectiva de Leonardo Santana, especialista em investimentos e sócio da casa de análise Top Gain, o Brasil deve procurar outros parceiros comerciais caso não consiga um acordo com os EUA.

“O mercado não está gostando desse cenário de indefinição. Trump sempre jogou tarifas para cima e negociou, e é isso que se esperava que acontecesse aqui, o que não está ocorrendo. E nesse cenário as ações de commodities e agro são as que mais devem sofrer”, afirmou.

As tarifas extras já impostas por Trump derrubaram a venda de carne bovina brasileira para os americanos em 80% em menos de três meses.

Na cena política, o ex-presidente Jair Bolsonaro, que está no centro do atrito entre EUA e Brasil, tem 24 horas para prestar esclarecimentos, por meio de seus advogados, ao ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes sobre o que o magistrado classificou como descumprimento das medidas cautelares impostas na semana passada.

Na sexta passada, Moraes determinou que Bolsonaro terá de usar uma tornozeleira eletrônica, está proibido de usar as redes sociais e deve ficar recolhido em domicílio entre 19h e 6h de segunda a sexta e em tempo integral nos fins de semana e feriados. Moraes também proibiu a transmissão ou veiculação de áudios e vídeos de entrevistas do ex-presidente nas redes sociais.

Em resposta, os EUA restringiram vistos para autoridades do Judiciário brasileiro e seus familiares imediatos, citando novamente objeções aos processos legais contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

A dificuldade do Brasil em negociar passa pelo fato de Trump estar exigindo como contrapartida o fim do julgamento de Bolsonaro no STF por tentativa de golpe de Estado. A questão é do campo jurídico, e não do comercial.

Investidores temem que tudo isso possa levar Trump a adotar uma postura mais agressiva em relação às tarifas aplicadas ao Brasil.

Além dos desdobramentos das negociações comerciais com os norte-americanos, o mercado doméstico segue cauteloso aguardando as decisões de juros nos EUA e no Brasil, que ocorrem na próxima quarta-feira (30), na chamada “superquarta”.

“O mercado está andando muito de lado nesses dias sem grandes indicadores econômicos e vai ficar muito focado em tentar entender as sinalizações dos bancos em relação à próximas decisões de juros”, afirmou Santana, da casa de análise Top Gain.

No cenário internacional, fontes disseram à Reuters nesta terça que as perspectivas de um acordo comercial provisório entre a Índia e os EUA antes de 1º de agosto diminuíram. Já o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, disse que usará todo o tempo disponível para fechar um acordo com os EUA.

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, disse que se reunirá com seu colega chinês na próxima semana e discutirá o que provavelmente será uma prorrogação do prazo -neste caso, de 12 de agosto- para tarifas mais altas para a China. Diante desse cenário, os principais índices asiáticos fecharam em alta.

Bessent disse ainda que os EUA estão prestes a anunciar “uma série de acordos comerciais” com outros países.

Já na Europa, as ações fecharam em baixa nesta terça-feira com a redução das perspectivas de um acordo comercial entre os EUA a União Europeia. Trump havia ameaçado impor tarifas de 30% sobre produtos europeus se nenhum acordo fosse assinado antes do prazo final de 1º de agosto.

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