SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira (25), antes de embarcar para uma viagem à Escócia, que há 50% de chance de o país chegar a um acordo comercial com a União Europeia.
As duas partes vêm negociando durante a semana para alcançar um consenso antes de 1º de agosto, quando os EUA devem aumentar as tarifas sobre o bloco para 30%.
“Estamos trabalhando muito diligentemente com a Europa, a UE”, disse o presidente ao deixar a Casa Branca e seguir para vários dias de golfe e reuniões bilaterais com autoridades europeias. Nesta sexta, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que se reunirá com Trump no domingo (27), aumentando as expectativas sobre um acerto comercial.
Pessoas familiarizadas com o rascunho do acordo dizem que Trump estabeleceria tarifas de cerca de 15% sobre a maioria das importações para os EUA vindas de seu maior parceiro comercial.
“Após uma boa ligação com Trump, concordamos em nos encontrar na Escócia no domingo para discutir as relações comerciais transatlânticas e como podemos mantê-las fortes”, escreveu von der Leyen nas redes sociais.
Ela viajará para a Escócia a convite de Trump, disse a comissão, onde ele também se reunirá com autoridades britânicas que estão fazendo lobby para que ele reduza as tarifas sobre o aço e o uísque.
“Eu diria que temos 50% de chance, talvez menos do que isso, mas 50% de chance de fazer um acordo com a UE”, disse o presidente americano a jornalistas. “Esse deve ser o maior acordo de todos, se o fizermos”.
Questionado uma segunda vez sobre as perspectivas de um acordo, Trump afirmou: “Essa é a grande questão no momento… acho que a UE tem uma boa chance de fazer um acordo neste momento”.
Nesta quinta (25), Von der Leyen afirmou que o bloco busca uma solução negociada e que estava confiante em um acordo.
Porém, ao mesmo tempo, o bloco também aprovou nesta quinta um pacote de contratarifas sobre 93 bilhões de euros (R$ 604,65 bilhões) em produtos norte-americanos, que poderão ser impostas caso o bloco não chegue a um acordo comercial.
A Comissão Europeia decidiu que unirá dois pacotes de tarifas (um de 21 bilhões de euros e outro de 72 bilhões de euros) em uma única lista que será a resposta dos europeus caso a tarifa de 30% dos EUA passe a valer em 1º de agosto.
A UE disse, contudo, que nenhuma contramedida aprovada entrará em vigor até 7 de agosto. Até o momento, o bloco não oficializou retaliações apesar dos repetidos anúncios de tarifas feitos por Trump, sendo que as mais amplas foram adiadas. Os membros da UE autorizaram o primeiro pacote de contramedidas em abril, mas elas foram imediatamente suspensas para dar tempo às negociações.
O comércio de bens e serviços entre os EUA e a UE totalizou 1,6 trilhão em 2023, tornando-se uma das maiores relações comerciais do mundo. Trump está determinado a reduzir o déficit comercial anual de bens de quase 200 bilhões de euros em 2024.
Tarifas sobre a UE de aproximadamente 15% espelhariam o acordo firmado entre os EUA e o Japão. Isso reduziria as tarifas americanas sobre carros e autopeças de 27,5%. A UE ainda está pressionando para que algumas exportações de aço e alumínio entrem nos EUA com taxas inferiores aos 50% que Trump impôs por motivos de segurança nacional.
Produtos farmacêuticos, que Trump ameaçou com altas tarifas, também pagariam 15%.
O acordo precisará ser aprovado pelos Estados-membros da UE, provavelmente em uma reunião de emergência dos embaixadores durante o fim de semana. Se houver um acordo, Bruxelas suspenderá a implementação das contramedidas.
Em relação ao Canadá, outro parceiro econômico de peso para os EUA, Donald Trump afirmou que um consenso está mais distante. “Nós realmente não tivemos muita sorte com o Canadá. Acho que o Canadá poderia ser um país em que haja apenas uma tarifa, não uma negociação de fato”, disse.
Até o momento, os Estados Unidos não divulgaram uma nova taxa sobre os produtos canadenses.