Subúrbio verde, Pirituba cresce com área para 11 mil famílias, trem e futuro Sesc

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Para quem se via a viver num subúrbio com áreas verdes na vizinhança no Pico do Jaraguá, morar em Pirituba sempre pareceu o plano perfeito: barato, vizinho da Lapa e com um ramal de trem com estações pitorescas a cortar o bairro rumo a Jundiaí.

O que talvez não estivesse na conta era o surgimento de um grande anel periférico no entorno.

Sem o adensamento caótico de Perus ou da Brasilândia, Pirituba também se agigantou, e hoje conta com cerca de 180 mil habitantes. Mas limitado ao sul pelo Tietê e a oeste pela rodovia dos Bandeirantes, o distrito preservou locais inusitados, como as tais estações e as ruas com direito a pequenos túneis sob a linha férrea.

O número de transações no distrito aumentou 14% de janeiro a maio deste ano em relação ao mesmo período de 2024, o dobro da taxa da cidade, de acordo com a startup imobiliária Loft. O preço dos imóveis, contudo, ficou estável, pouco abaixo dos R$ 370 mil -metade da média da capital.

“Pirituba é opção interessante para orçamentos mais limitados”, diz Fábio Takahashi, gerente de dados da Loft.

A leste da onipresente linha do trem, uma área de 1,7 milhão de metros quadrados, pertencente por muitos anos à Companhia City, responsável pela urbanização de lugares como Pacaembu, City Lapa e Jardim América, transformou-se no grande empreendimento habitacional que marca o novo momento de Pirituba.

Hoje da empresa MRV, o terreno começa a se tornar o Sete Sóis Pirituba, idealizado para abrigar até 11 mil famílias em até dez anos em cerca de 180 edifícios.

Os apartamentos são elegíveis às linhas de financiamento de habitação social, e os primeiros moradores, beneficiários do programa Pode Entrar, da Prefeitura de São Paulo, devem chegar na virada do ano.

Diferentemente de outros grandes projetos habitacionais populares, o Sete Sóis não tem espigões, mas prédios de no máximo dez andares. A ideia de um empreendimento menos vertical se integra a um plano de muitas áreas arborizadas e com equipamentos de lazer em meio aos prédios.

“A preocupação com o verde é um dos pilares do projeto”, diz Camila Fiuza, diretora de desenvolvimento imobiliário da MRV.

Optou-se pela arborização com espécies nativas, e um defensor dessa vertente no paisagismo, Ricardo Cardim, foi chamado. Cardim disse à Folha que visitou o lugar há tempos, “quando ainda era pasto” e que preconizou “árvores de grande porte, frutíferas nativas e espécies como araucárias, jatobás e cabreúvas”.

Os números do Secovi mostram a importância da habitação de interesse social para o novo momento de Pirituba. Das cerca de 13.500 unidades habitacionais lançadas no distrito de 2018 até maio deste ano, 89% são elegíveis para aquisição por meio do Minha Casa, Minha Vida.

É o caso do Plano&Estação Piqueri, a passos dessa que é a primeira das três estações de trem do distrito para quem vem do Centro. As 960 unidades são um “teaser” dos investimentos da incorporadora e construtora Plano&Plano na região, já que, ultrapassado o limite norte de Pirituba, já no distrito do Jaraguá, a empresa ergueu seu primeiro edifício na capital com 30 andares, o Plano&Alto Cantareira.

Para Renée Silveira, diretora de incorporação, a região tem grande potencial de valorização, que pode chegar a 30%. “Mais importante é a transformação na vida de milhares de pessoas, que agora conquistam a casa própria.”

Se Pirituba e os distritos vizinhos de São Domingos e Jaraguá se destacam em densidade de áreas verdes -a subprefeitura que os contempla é a quinta da cidade no ranking de cobertura vegetal–, os equipamentos culturais compõem um cenário desolador.

A situação deve mudar em breve. O Sesc fala em inaugurar sua unidade Pirituba, com mais de 47 mil m² de área construída, no final de 2029. A unidade contará com teatro com 350 lugares, quatro piscinas, restaurante apto a servir mil refeições diárias e três consultórios de odontologia, entre outras atrações.

O Sesc Pirituba deverá reviver um ponto histórico do bairro, a Casa de Nassau, que desde os anos 1950 pertencia à Sociedade Holandesa de São Paulo, mas que antes havia servido como propriedade do então superintendente da São Paulo Railway, responsável pela estrada de ferro São Paulo-Jundiaí, que ali decidiu viver ao chegar da Inglaterra. Cerca de mil árvores foram preservadas no terreno.

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