São Paulo, 1 de agosto de 2025 – O dólar comercial caminha para fechar em queda frente ao reale demais moedas estrangeiras impactado pelo resultado do mercado de trabalho nos Estados Unidos dejulho abaixo do esperado e pelas revisões baixistas dos meses de maio e junho. Somado a isso aosefeitos das tarifas de Donald Trump.
Para Nickolas Lobo, especialista em investimentos da Nomad, a queda da moeda americana reflete opayroll e as tarifas de Donald Trump.
“O dólar se desvaloriza frente ao real e outras moedas, e a principal causa é umacombinação entre as tarifas e o relatório de empregos dos EUA [de julho], conhecido como payroll,que decepcionou o mercado. Para agravar o cenário, os números de crescimento de maio e junho foramdramaticamente revisados para baixo, indicando que o mercado de trabalho vinha perdendo força hámais tempo. Esses dados criam um desafio para o duplo mandato do Federal Reserve (Fed), que agoratem que ponderar não apenas a trajetória da inflação e os efeitos incipientes das novas tarifas,mas também um enfraquecimento substancial no mercado de trabalho”.
Nicolas Gomes, especialista em câmbio da Manchester Investimentos, disse que o mercado reageaos dados de emprego nos Estados Unidos melhor que o esperado.
“O Jerome Powell [presidente do Fed] vem sinalizando todo o mês que qualquer alteração nataxa de juros [corte] vai ser lastreada em dados econômicos. O arrefecimento do emprego nos EstadosUnidos acaba diminuindo pressão inflacionária, apesar das tarifas. O dólar continua caindo bemforte frente ao real, mas provavelmente, daqui a pouco, a gente teremos um ajuste ter algum ajuste”.
Mais cedo, o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos informou que a economia americana criou73 mil vagas de trabalho em julho e a taxa de desemprego subiu para 4,2%. O número de criação devagas veio abaixo da projeção dos analistas, que esperavam 100 mil novos postos de trabalho. Ataxa de desemprego veio dentro das expectativas do mercado.
Além disso, o órgão informou que o número de vagas criadas em junho foi revisado para baixo,para 14 mil. A criação de vagas de maio foi revisada para baixo, para 19 mil.
Em relação às tarifas, Trump anunciou alíquotas altas sobre exportações de dezenas deparceiros comerciais ao se aproximar o prazo final das 12h01 no horário de Washington (1h01 nohorário de Brasília) para a concretização de acordos.
As alíquotas estabelecidas incluem uma taxa de 35% sobre muitos produtos canadenses, 50% para oBrasil, 25% para a India, 20% para Taiwan e 39% para a Suíça, conforme determina uma ordemexecutiva presidencial assinada por ele. Segundo esse documento, foi listada uma elevação nastarifas de importação, variando de 10% a 41%, para 69 parceiros comerciais, com início em setedias. Alguns países conseguiram negociar acordos para reduzir tarifas, mas outros não tiveramoportunidade de negociar com a administração Trump.
Os produtos de todos os outros países que não constam na lista serão taxados com uma tarifade importação de 10% pelos EUA, embora Trump já tenha sugerido anteriormente que essa alíquotapoderia ser ainda maior. A alíquotas passam a valer no dia 7 de agosto.
Em junho de 2025, a produção industrial nacional variou 0,1% frente a maio, na série comajuste sazonal. O Termômetro Safras esperava alta de 0,4%. Em relação a junho de 2024, na sériesem ajuste, houve queda de 1,3%. O Termômetro Safras projetava queda de 0,05%. O acumulado no anofoi a 1,2% e o dos últimos 12 meses chegou a 2,4%. O número confirma a tendência dedesaceleração da economia, abrindo espaço para uma futura redução na taxa Selic.
Por volta das 15h54 (horário de Brasília), o dólar comercial recuava 0,85%, cotado a R$5,5539 para venda. O dólar futuro com vencimento em setembro caía 0,99%, cotado a R$ 5,595,000. ODollar Index, que mede o comportamento da moeda americana frente a uma cesta de unidades, caía0,99%, a 98,98 pontos.
Soraia Budaibes e Dylan Della Pasqua (Safras News)
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