Governo discute alternativas com setores afetados por tarifaço de Trump

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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discutiu nesta segunda-feira (4) alternativas com os setores afetados pela sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, como carne, café e pescados.

No encontro, foram debatidas as medidas do plano de contingência para mitigar os efeitos do tarifaço sobre empresas exportadoras e a possibilidade de exploração de novos mercados para escoamento dos produtos que seriam exportados para os Estados Unidos.

Na última quarta (30), Trump assinou a ordem executiva confirmando a aplicação de sobretaxa de 50% a produtos brasileiros. O decreto, contudo, prevê uma lista com quase 700 exceções, como derivados de petróleo, componentes de aviação civil e suco de laranja.

Segundo o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), o plano de contingência prevê, entre diversas ações, medidas de crédito e de compras governamentais e será resolvido pelo governo “em questão de dias”.

“Conversamos com os setores sobre possibilidade de novos mercados. A Apex [Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos] vai se concentrar também nesse trabalho. […] Nós temos uma possibilidade muito boa com União Europeia e Reino Unido, porque lá atrás houve bloqueio por questão sanitária que pode ser superada”, disse.

Foram cerca de 40 participantes na reunião, que contou com representantes dos setores de carne, madeira, frutas, mel, café, pescados, entre outros. Da cúpula do governo, compareceram os ministros Rui Costa (Casa Civil), Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar) e André de Paula (Pesca e Aquicultura).

Ao lado de Alckmin, em entrevista a jornalistas, Fávaro disse que o Brasil tem hoje 398 novos mercados e vê oportunidades de ampliar esse número, ressaltando que alguns países estão próximos de finalizar protocolos sanitários.

“A retomada de alguns [mercados] que foram suspensos, como o pescado para o Reino Unido e para a comunidade europeia. O Reino Unido terminou o protocolo, agora é uma ação mais política para formalizar a reabertura desse mercado”, disse o ministro da Agricultura.

“Japão já fez auditoria aqui para a carne bovina. Então, é um processo que a gente vai intensificar para minimizar os impactos [das tarifas de Trump] e, com isso, é estruturante, bota o Brasil cada vez mais nas oportunidades internacionais”, acrescentou.

Fávaro destacou ainda a abertura do Vietnã à carne bovina brasileira. “O mercado do Vietnã é um mercado que a gente buscava abrir há mais de 20 anos. Abriu em março. Duas plantas frigoríficas se habilitaram. Imagina se a gente se esforçar agora e habilitar 15, 20, 30 plantas frigoríficas. Amplia os mercados”, afirmou.

Com relação ao plano de contingência, disse que a equipe técnica de sua pasta está trabalhando em regulamentações internas para aumentar o consumo de produtos que até então eram exportados.

Na saída da reunião, Paulo Teixeira reforçou que o governo busca intensificar a negociação com os EUA para a diminuição das tarifas e para aumentar a lista de exceções e, em paralelo, procura novos mercados consumidores que possam adquirir produtos brasileiros.

Quanto ao plano de contingência, o ministro do Desenvolvimento Agrário falou em buscar uma solução para a questão dos produtos perecíveis.

“Nós pedimos a eles para fazer uma proposta […] para que esses produtos sejam absorvidos no mercado interno, nos programas que exigem mistura de produtos para que eles sejam produtos naturais, por exemplo, bebidas adocicadas, sorvete”, disse.

“Mas também esses produtos possam ser absorvidos nos programas de compras públicas pela União, estados e municípios ou possam receber algum subsídio”, acrescentou.

Eduardo Lobo, presidente da Abipesca (Associação Brasileira das Indústrias de Pescados), demonstrou frustração ao deixar a reunião com o governo e disse que o diálogo foi “mais do mesmo”, com repetição das demandas setoriais.

“Para o setor produtivo, não veio nenhuma medida eficaz, nenhuma medida que mitigue o problema, que é a manutenção dos empregos e a manutenção da produção. Muito frustrante momentaneamente”, afirmou.

O presidente da Abipesca reforçou a demanda do setor por uma linha de crédito subsidiada e reclamou da demora de reação do governo brasileiro.

“O tempo da gente não é um tempo de médio prazo, o tempo da gente é um tempo de curto prazo. Não adianta ter urgência e a gente não ser socorrido”, disse. “A gente precisa de uma solução para os próximos 15 dias, não para daqui a seis meses.”

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