Risco no varejo global cresce diante da guerra tarifária. Brasil tem cenário desfavorável, diz Allianz Trade

Uma image de notas de 20 reais
Geração Z, hoje no foco do consumo, tem hábitos de compras diferentes millennials
(Freepik)
  • O varejo dos 66 países analisados corre algum tipo de risco perante a guerra tarifária, novas demandas do consumidor e risco logístico
  • Do total, 29 países apresentam risco médio (desaceleração). Do restante (37), todos apresentam panorama desfavorável
Por Victor Marques Compartilhe: Ícone Facebook Ícone X Ícone Linkedin Ícone Whatsapp Ícone Telegram

[AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DC NEWS]
Nenhum varejo no mundo está protegido da guerra comercial tarifária em curso. Conforme estudo da Allianz Trade, líder mundial em seguro de crédito e empresa do grupo Allianz, o varejo dos 66 países analisados corre algum tipo de risco diante da guerra tarifária, das novas demandas do consumidor e da fragilidade das cadeias de suprimento. Do total, 29 países apresentam risco médio: sinais de fraqueza ou possível desaceleração. Os demais 37 apresentam risco sensível: de fraqueza estrutural e panorama desfavorável. O varejo no Brasil se encaixa nesse último grupo, mas não só ele. Entre os setores brasileiros analisados no estudo, somente a indústria farmacêutica nacional apresenta baixo risco.

“Grandes empresas com amplas reservas de caixa estarão mais bem posicionadas para navegar em águas turbulentas”, afirmou o estudo assinado por Ludovic Subran, economista-chefe da Allianz Trade. No entanto, diz ele, “empresas menores poderão enfrentar alguns problemas de solvência”. Diante das tarifas, o principal cenário de risco para as empresas seria um aumento substancial dos custos operacionais. Nesse caso, alguns varejistas poderão ser forçados a modificar suas políticas de terceirização e buscar novos parceiros para evitar aumentos tarifários e repasse de cobranças aos clientes, ao elevar os preços para proteger margens já reduzidas. “Uma mudança drástica na política de terceirização pode exigir investimentos elevados”, afirmou o estudo. “Isso pode representar um período de transição de vários anos para os varejistas antes de estarem totalmente operacionais.”

Entre as regiões analisadas, a América Latina é, segundo o estudo, a menos atrativa. A avaliação é de aumento de 3% anual da receita do varejo na região entre 2025 e 2026, devido ao impacto das tarifas. “Esperamos um choque econômico negativo na região devido à nova política tarifária dos EUA.” Entre os 11 países analisados na região, seis (México, Colômbia, Peru, Equador, Panamá e Chile) apresentam risco médio. Os outros cinco, incluindo o Brasil, apresentam risco sensível.

Escolhas do Editor

Além do ambiente macroeconômico, os varejistas também enfrentam uma mudança de paradigma: o envelhecimento das sociedades nas principais economias desenvolvidas forçará as empresas a adaptar sua proposta de valor ao grupo etário mais velho. “É o grupo que possui maior poder de compra, mas é menos inclinado a gastar de forma supérflua.” Ao mesmo tempo, a Geração Z apresenta um comportamento de consumo diferente, favorecendo uma experiência integrada, canais digitais e maior personalização dos produtos, além de ser mais seletiva e volátil. “A Geração Z é mais propensa a compras por impulso e exerce influência significativa por meio de suas redes sociais”, afirmou o estudo. “É algo que as empresas não podem ignorar.”

ECONOMIA BRASILEIRA – Dos 18 setores da economia brasileira analisados, apenas a indústria farmacêutica apresenta baixo risco diante da guerra comercial. Todos os outros apresentam algum tipo de risco. São dois setores com alto risco: o têxtil e o químico. Outros 15 apresentam risco sensível, que pode ser de fraqueza estrutural ou de panorama desfavorável. Os outros dois (serviços de TI e energia) apresentam risco médio, com sinais de fraqueza ou possível desaceleração.

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