Trump diz que tarifas de 50% sobre Brasil salvaram pecuaristas dos EUA

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quarta-feira (22) que os pecuaristas americanos foram salvos pelas tarifas impostas a parceiros comerciais, incluindo a de 50% sobre o Brasil, maior exportador de carne bovina para o país, em meio a uma campanha para reduzir o preço do produto.

“Os pecuaristas, que eu amo, não entendem que o único motivo de estarem indo tão bem, pela primeira vez em décadas, é porque eu impus tarifas sobre o gado que entra nos Estados Unidos, incluindo uma de 50% sobre o Brasil”, escreveu.

Trump ainda acrescentou que o setor precisa reduzir os preços porque o consumidor também é um fator importante. “Além de tudo, as tarifas sobre outros países SALVARAM nossos pecuaristas!”, escreveu em outro post.

Além do pedido de Trump para redução de preços, agências do governo anunciaram um esforço conjunto para reconstruir o rebanho nacional, duramente atingido pela seca.

No início da semana, Trump disse que o governo considera importar carne da Argentina como forma de conter os preços recordes pagos pelos consumidores. A sugestão irritou os pecuaristas americanos, que já haviam perdido vendas de soja para a China para o país sul-americano.

Os preços do gado e da carne dispararam após anos de seca que devastaram as pastagens e elevaram os custos de alimentação, forçando os criadores a reduzir seus rebanhos. Pecuaristas e economistas afirmam que não há solução rápida para aumentar a oferta de gado.

Os departamentos de Agricultura, Interior, Saúde e Serviços Humanos e a Administração de Pequenas Empresas divulgaram um plano nesta quarta prevendo medidas para ampliar o rebanho americano, como explorar a expansão de áreas de pastagem em terras federais e aumentar pagamentos de programas pecuários.

O Departamento de Agricultura (USDA) também passará a fiscalizar o uso do selo “Produto dos EUA” a partir de 1º de janeiro de 2026, para garantir que produtores nacionais se beneficiem de eventuais prêmios pagos pela carne local.

Oito congressistas republicanos enviaram nesta terça-feira (21) uma carta a Trump pedindo mais transparência sobre o plano de importar carne argentina.

“Incentivamos sua administração a garantir que futuras decisões sejam tomadas com total transparência, base científica sólida e compromisso firme com a pecuária dos Estados Unidos”, diz a carta, liderada pela deputada Julie Fedorchak, da Dakota do Norte.

SEM SOLUÇÃO IMEDIATA

Economistas alertam que não há como reduzir rapidamente os preços do gado, mesmo com mais terras disponíveis, já que a produção de um animal pronto para o abate leva cerca de dois anos.

“A economia e a biologia disso são um quebra-cabeça difícil de resolver”, disse David Anderson, economista agrícola da Universidade Texas A&M.

Embora Trump cobre preços menores, valores altos são necessários para incentivar a expansão dos rebanhos, dizem os analistas.

“Ele precisa fazer um curso de oferta e demanda”, ironizou Arlan Suderman, economista-chefe de commodities da StoneX. “Os preços estão altos porque a demanda é mais forte que a oferta. Se quiser aumentar a oferta de carne no longo prazo, não é baixando preços que se consegue isso.”

As tarifas impostas por Trump neste verão sobre importações do Brasil reduziram o volume de carne brasileira nos EUA, o que levou importadores a pagar mais caro a outros fornecedores.

“Isso certamente contribuiu para o aumento do custo da carne no varejo”, disse Suderman. “Mas não significa mais lucro para quem cria o gado.”

Os contratos futuros de gado nos EUA atingiram recorde histórico na semana passada. Nesta quarta-feira, após a postagem de Trump, as cotações despencaram no limite máximo diário.

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