RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O presidente da Axia Energia (novo nome da Eletrobras), Ivan Monteiro, disse nesta quinta-feira (23) que a mudança de nome da companhia não foi negociada com o governo, maior acionista individual da ex-estatal, mas com poderes limitados de voto em seu conselho de administração.
Crítico da privatização feita durante o governo Jair Bolsonaro (PL), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está em viagem na Indonésia e ainda não se manifestou sobre a decisão, que é alvo de críticas de alguns sindicatos ligados à companhia.
A mudança de nome foi anunciada na quarta (22). Em entrevista nesta quinta para detalhar o assunto, Monteiro afirmou que a decisão foi aprovada por unanimidade pelo conselho de administração da empresa, mas antes do acordo que deu à União dois novos assentos no colegiado.
“Não houve interação [prévia] com o governo”, afirmou o presidente da Axia, dizendo ainda que também não recebeu nenhum comentário do maior acionista sobre a medida após a divulgação do nome.
Monteiro afirmou que a alteração tem o objetivo de reposicionar a empresa diante das mudanças no mercado brasileiro de energia, que caminha para uma abertura em que os consumidores poderão escolher livremente seu fornecedor.
“A Axia tinha uma história de ser uma empresa estatal e, durante sua evolução, teve vários papéis. Era ao mesmo tempo uma utility [empresa de serviço público], chegou a ser banco do setor e teve função de regulador”, disse ele.
Agora, quer focar na busca por clientes, aproveitando a grande capacidade de geração de energia para ganhar mercado. A mudança, afirmou o executivo, tem o objetivo de “comunicar e fazer frente a esse novo mercado”.
Nesta terça, a FNU (Federação Nacional dos Urbanitários), que reúne sindicatos de trabalhadores na companhia, divulgou nota criticando a mudança. “Enquanto a Eletrobras sempre iluminou, Axia ofusca. Enquanto Eletrobras sempre gerou e transmitiu energia, Axia gera e transmite narrativas”, escreveu.
A empresa diz que a mudança começou a ser planejada há cerca de um ano e meio e passou por várias pesquisas internas. Será apresentada ao país por meio de uma campanha publicitária que se inicia nesta sexta (24) na TV.
Monteiro afirmou que o nome reforça a estratégia adotada pela companhia nos últimos anos, que passou pela otimização de ativos, pela venda de projetos de energias fósseis e começou a lidar diretamente com consumidores.
Segundo ele, para o futuro, a ideia é ampliar investimentos e sua base de clientes. A empresa já vem negociando com grandes clientes, como empresas de data centers, hidrogênio verde e aço verde, e quando o mercado abrir, vai buscar parcerias para chegar aos pequenos consumidores.