[AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DC NEWS]
Em 2008, a paulistana Marianna Meinberg, então com 21 anos e estudante de hotelaria, decidiu vender os suplementos alimentares da Herbalife. A multinacional, responsável por uma economia global de US$ 5 bilhões, com a venda de 4,5 milhões de milk-shakes saudáveis por ano, foi fundada em 1980 em Los Angeles, nos EUA, e chegou ao Brasil em 1995. Marianna passou dez anos como revendedora individual. No início, ganhava cerca de R$ 5 mil por mês, e até 2018 seu faturamento não aumentou muito: girava em torno de R$ 10 mil. Foi quando decidiu criar uma dieta baseada em sua experiência individual – o Sistema de Transformação Corporal (STC) – e utilizar o método como chamariz de vendas no Instagram. E assim ela foi vista. Se torbou influencer, hoje com 3,3 milhões de seguidores, e escalou na hierarquia organizacional da Herbalife. Atualmente com uma equipe de 2,5 mil revendedores, Marianna fatura R$ 1 milhão por mês.
“Eu venho da época praticamente do porta a porta”, afirmou a empresária à AGÊNCIA DC NEWS durante o 5º Congresso de Vendas Diretas, realizado pela Associação Brasileira de Vendas Diretas (ABEVD) na Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil). “Comecei a atender meus amigos, familiares e os amigos e familiares dessas pessoas”, afirmou. Marianna também tinha, na época, um Espaço Vida Saudável (EVS), uma espécie de franquia onde os revendedores da Herbalife se posicionam. “Distribuía panfletos e convidava as pessoas para conhecer o meu espaço”, disse. Hoje em dia, ela não tem mais um espaço físico, mas além da grande equipe de vendas, lidera 450 supervisores, outros 30 líderes e profissionais como nutricionista, biomédica e educadora física, que participam das promoções online dos produtos. O investimento no Instagram, que serve como um funil (no jargão do marketing), é de R$ 10 mil por mês, mas já chegou a R$ 20 mil, por exemplo, durante os anos da pandemia.
A nível global, os números da Herbalife são massivos, segundo a consultoria estatística Euromonitor: a corporação, como os revendedores costumam dizer, soma 6,2 milhões de membros e 65 mil clubes de nutrição espalhados em 95 mercados – Marianna, por exemplo, tem clientes em 44 países. É o shake proteico mais vendido no mundo. Segundo Jordan Rizetto, VP de Marketing para as Américas Central e do Sul, da Herbalife, em volume, “80% dos produtos Herbalife Brasil são produzidos localmente, como shakes, suplementos de fitness e fibra”, disse. De acordo com o executivo, os ramos de chás e vitaminas são majoritariamente importados. O Brasil importou US$ 1 bilhão de suplementos alimentares em 2024, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria para Fins Especiais e Congêneres (Abiad).
PAPEL DA REDE SOCIAL – Performar bem na internet, segundo Marianna, foi a virada de chave para seu negócio. “Foi o que me trouxe o poder de alavancar”, disse ela. Segundo a influenciadora, começou a falar com mais pessoas e conseguiu, então, alavancar a própria equipe de venda direta. “O Instagram para mim, hoje em dia, é um mar, um oceano, onde eu vou lá pescar.” As vendas são geradas a partir da divulgação de dicas saudáveis e do STC, o método de emagrecimento criado pela influenciadora e que também está à venda em outros sites, como a plataforma de cursos online Hotmart. Os posts atraem milhares de pessoas e aquelas que ficam mais interessadas entram em contato com a equipe de vendas por meio do WhatsApp. A
partir do contato, os clientes em potencial podem receber uma mentoria. “Escuto qual é a dor daquela pessoa e falo assim: ‘Para emagrecer, você vai começar a fazer o STC assim”, disse. Marianna afirmou que as pessoas não compram de marcas e sim de pessoas. Ela destaca que tem dois produtos: os suplementos da Herbalife (que são mais de 50 no portfólio da empresa) e a possibilidade de formar novas parcerias, que vão representá-la. “A pessoa pode se juntar à minha equipe para ter uma renda extra”, afirmou a revendedora. Vale lembrar que a Herbalife já foi acusada de promover “esquema de pirâmide” e teve que pagar US$ 200 milhões à Justiça americana, em 2016, para refutar a classificação.
Apesar do vasto alcance no Instagram, maior do que o próprio jogador de futebol americano Ricardo Puig (2,7 milhões de seguidores), do Los Angeles Galaxy, que é patrocinado diretamente pela Herbalife, Marianna não se enxerga exatamente como uma influencer. “Ele [o influencer] recebe de marcas para promovê-las. Eu tenho o meu próprio produto”, afirmou ela. Nos termos internos da companhia, a revendedora iniciou sua carreira como “supervisora”, tornou-se “equipe mundial” (uma função ainda básica, apesar de já constituir equipe) e, finalmente, “presidente”, função com remuneração acima de R$ 50 mil por mês e com direito de liderança sobre outros coordenadores de venda. Sua missão, ela diz, é promover um modo de vida saudável que garanta, sobretudo, o emagrecimento. Diante do mar de oportunidade, ela afirmou sentir falta dos tempos em que era uma revendedora comum e tinha um espaço próprio: ter um espaço para receber pessoalmente os clientes. “Tem uma coisa que a rede social não consegue fazer, que é o core business da Herbalife: o encontro.”