SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O plano da MMG de comprar o negócio brasileiro de níquel da Anglo American poderia permitir que a empresa desviasse o ferroníquel da Europa e prejudicasse a produção europeia de aço inoxidável, disseram os órgãos de defesa da concorrência da União Europeia nesta terça-feira (4).
A advertência da Comissão Europeia, que atua como fiscalizadora da concorrência na União Europeia, foi feita ao abrir uma investigação aprofundada sobre o negócio, em meio a preocupações globais sobre o fornecimento de minerais críticos e estratégicos e o domínio da China.
A Anglo American anunciou a venda em fevereiro, que inclui dois projetos de ferroníquel e dois projetos greenfield (do zero) no Brasil.
O negócio, avaliado em US$ 500 milhões (o equivalente a mais de R$ 2,7 bilhões), marcou a entrada da subsidiária da estatal China Minmetals no mercado brasileiro de níquel, ampliando o alcance de Pequim sobre um mineral considerado vital para a transição energética.
“O ferroníquel é um insumo essencial para que os produtores europeus fabriquem aço inoxidável de alta qualidade e baixa emissão a preços competitivos, o que é fundamental para muitos setores”, disse a chefe antitruste da UE, Teresa Ribera, em um comunicado.
“Nossa investigação tem como objetivo verificar se essa concentração poderia comprometer o acesso contínuo e confiável na Europa a esse importante recurso”, disse ela.
A Comissão disse que o desvio do fornecimento de ferroníquel, juntamente com fontes alternativas limitadas de oferta, poderia afetar negativamente o preço e a qualidade de uma parte substancial da produção europeia de aço inoxidável, afetando a capacidade de competir globalmente.
A MMG, listada em Hong Kong, e a Anglo American disseram que estavam comprometidas com o acordo. Elas afirmaram que sua oferta anterior para que a Anglo American comprasse ferroníquel da MMG para revenda na Europa por até 10 anos, a fim de aliviar as preocupações regulatórias, era o melhor resultado para os clientes.
A Comissão decidirá até 20 de março se autoriza ou bloqueia o acordo, que pode ser prorrogado se as empresas apresentarem novas concessões.
No Brasil, o negócio foi denunciado ao Cade e ao TCU (Tribunal de Contas da União) pela Corex Holding, do bilionário turco Robert Yüksel Y?ld?r?m. Em setembro, a Superintendência-Geral do órgão antitruste decidiu arquivar os procedimentos.
A compra mobilizou também mineradores norte-americanos. Eles pediram que o governo Donald Trump interviesse junto ao governo brasileiro na negociação entre a Anglo American e a MMG.