ARTIGO, por Ana Claudia Badra Cotait: "Empreendedorismo ajuda mulheres a se libertarem de relações abusivas"

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Ana Claudia: "Empreendedorismo feminino se revela como um meio de libertação e fortalecimento"
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  • "Agosto Lilás representa marco político, social e cultural no combate à violência contra a mulher, inclusive para as que empreendem"
  • "Segundo o Instituto Rede Mulher Empreendedora, 34% relataram ter sofrido agressão e 48% saíram após se tornarem empreendedoras"
Por Ana Claudia Badra Cotait | colunista Compartilhe: Ícone Facebook Ícone X Ícone Linkedin Ícone Whatsapp Ícone Telegram

Instituído em homenagem à Lei Maria da Penha, o Agosto Lilás representa um marco político, social e cultural no combate à violência contra a mulher, inclusive para as mulheres que empreendem e que, além de serem agentes de desenvolvimento econômico, também precisam combater o preconceito, o machismo e a discriminação no ambiente coorporativo.

Dados recentes, da  5ª edição do relatório Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil, mostram que 37,5% das mulheres brasileiras sofreram algum tipo de violência (física, sexual ou psicológica) nos últimos 12 meses, o que corresponde a 27,6 milhões de mulheres. A violência psicológica é a forma mais comum (31,4%), seguida da física (16,9%). Para mulheres negras, a situação é ainda mais grave, pois  85% convivem com o agressor por falta de independência financeira, conforme pesquisa do Instituto DataSenado.

Nesse cenário, o empreendedorismo feminino se revela como um meio de libertação e fortalecimento. Segundo o Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME), 34% das empreendedoras relataram ter sofrido agressão em relações conjugais e 48% conseguiram sair dessas relações abusivas após tornarem-se empreendedoras. Além disso, 81% afirmam ter mais autonomia em suas vidas ao empreender, enquanto 72% sentem-se total ou parcialmente independentes financeiramente.

Escolhas do Editor

Apesar desses resultados mais positivos, ser empreendedora não livra a mulher de enfrentar desigualdades e discriminação. Uma pesquisa do Sebrae aponta que 42% das empreendedoras já presenciaram preconceito contra outra mulher na mesma posição e 25% já sofreram discriminação diretamente. A dupla vulnerabilidade de gênero e raça agrava ainda mais essa realidade pois 71,2% das empreendedoras negras relatam que o racismo incide com mais crueldade sobre mulheres de pele escura, especialmente quando são mães solo – número que hoje supera 48% dessas mulheres.

Como líderes comprometidas com o desenvolvimento econômico e social, temos a responsabilidade de reconhecer e valorizar o empreendedorismo feminino como espaço de poder, liderança e emancipação. É nossa missão, por meio do Conselho da Mulher Empreendedora e da Cultura (CMEC) fortalecer políticas públicas que incentivem a autonomia financeira das mulheres, promover o acesso ao crédito, capacitação e redes de apoio.

É fundamental denunciar o preconceito e a violência, inclusive as formas mais sutis de discriminação que continuam no ambiente corporativo e integrar a conscientização do Agosto Lilás no dia a dia das empreendedoras, ressaltando que a legislação e a autonomia econômica caminham juntas para garantir o direito de todas as mulheres de viver e empreender sem medo.

O Agosto Lilás nos lembra que a legislação é fundamental, mas sem autonomia e apoio mútuo, a mudança não se sustenta. Que este mês sirva para conscientizar as mulheres sobre as diferentes formas de violência a que estão expostas e reforçar a importância da solidariedade para transformar realidade.

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