A presença feminina no setor de tecnologia e inteligência artificial vem crescendo, mas ocupar um espaço nesse mercado é ainda um grande desafio. De 2020 a 2023, a participação das mulheres no setor de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) no país cresceu 7,7% ao ano, superando o crescimento masculino em 1,5 ponto percentual, segundo a pesquisa Diversidade de Gênero no Setor de TIC realizada pela Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais (Brasscom). Apesar dos avanços, o estudo aponta que a disparidade salarial ainda continua, com homens ganhando, em média, 37,1% a mais que as mulheres no setor.
Para mudar esse cenário, o Conselho da Mulher Empreendedora e da Cultura (CMEC), órgão da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp) e da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) – junto com a Pateo 76, hub de Inovação da Associação Comercial de São Paulo, e o Sebrae – promoveram o concurso “Upstarts 2025”, que premiou mulheres que estão à frente de negócios inovadores nesse segmento.
Para dar voz a essas empreendedoras, a segunda edição do concurso premiou cinco empreendedoras – entre as 527 inscritas – com aporte financeiro e mentorias especializadas. Foi a forma que o CMEC encontrou para valorizar e mostrar algumas das mulheres que estão fazendo a diferença nesse segmento e estimular outras que estão dando os primeiros passos no setor. Apesar das mulheres representarem 51% da população brasileira, elas ocupam apenas 39% dos empregos no setor de TI.
Para aumentar essa participação precisamos dar visibilidade às mulheres bem-sucedidas na área de tecnologia para que sirvam como modelos, mostrando que é possível construir carreiras brilhantes nesse segmento. Realizar palestras e entrevistas, e aumentar a participação dessas mulheres nas redes sociais, é importante para lançar luz na direção dessas profissionais. As empresas também precisam adotar políticas inclusivas, combater estereótipos de gênero e garantir a igualdade de oportunidades, desenvolvendo programas de mentoria e promovendo lideranças femininas.
Assim como fizemos recentemente com o Prêmio Upstarts, é necessário que instituições e entidades ofereçam mais bolsas de estudo, formações gratuitas e programas de apoio às empreendedoras, além de fomentarem a criação de redes de apoio e de comunidades femininas no setor tecnológico para que elas possam compartilhar experiências e gerar novas oportunidades. Sabemos que transformação não irá acontecer de um dia para o outro, mas o comprometimento de órgãos como o CMEC é uma forma de colaborar para a construção de um futuro mais inclusivo e inovador, onde a inteligência artificial e a tecnologia também possam refletir a diversidade do mundo real.
ANA CLAUDIA BADRA COTAIT
Presidente do Conselho Nacional da Mulher Empreendedora e da Cultura (CMEC). A entidade é parte da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp). E atua como um fórum de referência de estudos, debates e inspirações à mulher empreendedora, além de desenvolver ações, campanhas e projetos sociais e culturais. O CMEC tem mais de 900 conselhos da mulher distribuídos pelo Brasil.