São Paulo, 27 de novembro de 2025 – A ata da reunião de outubro do Banco Central Europeu (BCE),divulgadas nesta terça-feira, mostra um debate mais acirrado entre os dirigentes e visõesdivergentes sobre os riscos inflacionários. A avaliação consta em relatório do banco ING, quedestaca que, apesar do discurso de que o BCE está em um bom lugar, a instituição reconhece que atrajetória da inflação continua mais incerta que o normal.
O ING avalia que o BCE ainda deve manter as taxas estáveis pelos próximos dois anos. No entanto, obanco reforça que, no curto prazo, a porta para cortes permanece aberta, dependendo docomportamento das projeções de dezembro.
Segundo o ING, o economista-chefe do BCE, Philip Lane, sinalizou um leve viés de flexibilizaçãoao afirmar que a revisão de dezembro permitirá uma análise mais completa da postura de políticamonetária. Lane observou que uma maior probabilidade de riscos de baixa tornaria defensável umcorte marginal de juros, enquanto riscos de alta sustentariam a manutenção das taxas no curtoprazo.
O relatório do ING ressalta que o BCE segue vendo atividade doméstica resiliente, apesar de umambiente externo enfraquecido devido a fricções no comércio global e tensões geopolíticas. Aautoridade monetária também aponta que os investimentos devem continuar contribuindo para ocrescimento em 2026, apoiados pelos cortes já implementados e pelo avanço dos gastos públicos eminfraestrutura e defesa.
A ata expõe ainda forte divergência entre os dirigentes quanto ao cenário inflacionário. Partedo colegiado avalia que os riscos estão inclinados para baixo em relação às projeções desetembro, enquanto outros membros enxergam riscos para cima, citando estimativas externas maiselevadas para o médio prazo.
O ING observa que a próxima reunião do BCE, em dezembro, será crucial, pois coincide com ofechamento das novas projeções da equipe técnica. Poucas mudanças ocorreram nos pressupostostécnicos desde setembro, com exceção da leve queda no petróleo.
Segundo o banco, o fator mais relevante é o adiamento da segunda fase do Sistema Europeu deComércio de Emissões (ETS2) para 2028. Sem essa implementação, a projeção de inflação de2027 cairia para 1,7%, ante 1,9% previstos anteriormente – movimento que aumenta a probabilidade dediscussão sobre inflação abaixo da meta.
Para o ING, se as novas projeções recuarem abaixo de 1,7% para 2026 e 2027, as chances de novoscortes de juros pelo BCE aumentam sensivelmente.
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