BC precisa trabalhar resiliência do sistema financeiro diante de riscos cibernéticos, diz diretor

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BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O diretor de Fiscalização do Banco Central, Ailton de Aquino, defendeu nesta quinta-feira (30) a necessidade de trabalhar a resiliência do sistema financeiro para instituições de pequeno porte diante do aumento de riscos de ataques cibernéticos.

Em evento promovido pela Fenasbac (Federação Nacional de Associação dos Servidores do Banco Central), em Brasília, ele também disse que está na agenda da autoridade monetária uma revisão de capital das instituições financeiras.

“O sistema financeiro hoje passa por um processo de digitalização muito forte. Nessa toada, o risco cibernético é algo muito presente. O que me causa preocupação é que a resiliência do sistema financeiro para as pequenas entidades se mostra ainda, em certo ponto, inadequada. A gente precisa trabalhar a resiliência”, afirmou.

Nos últimos meses, o BC buscou fechar brechas regulatórias para reforçar a segurança do sistema financeiro após ataques hackers provocarem desvios milionários de recursos. Algumas das medidas tinham como foco a atuação dos PSTIs (Provedores de Serviços de Tecnologia da Informação) para conexão de instituições à infraestrutura do Pix.

A fragilidade dessa relação ficou mais evidente para a autoridade monetária com os ataques cibernéticos envolvendo as empresas C&M Software e Sinqia —o desvio somado nos dois episódios é de cerca de R$ 1,5 bilhão.

O diretor do BC lembrou que algumas cooperativas de crédito, sobretudo as independentes, podem ter sofrido impactos relevantes em seus negócios. “Deixo meu alerta sobre o quanto é importante zelar pelo risco tecnológico, pelo risco de cibersegurança”, disse.

As declarações foram dadas no mesmo dia em que a Polícia Federal deflagrou a segunda fase de uma operação para desarticular um grupo criminoso especializado em fraudes bancárias. O esquema desviou mais de R$ 813 milhões de contas usadas por bancos e instituições de pagamento para gerenciar transferências Pix de seus clientes.

No evento no BC, Aquino também trouxe ao debate a necessidade de rediscutir o capital no sistema cooperativista e falou em “revisão profunda”.

“Faz mais de 30 anos que não fazemos uma revisão profunda de capital das instituições autorizadas. Estamos com quase 2.000 instituições. Acho que a gente chegou a um bom momento para dialogar acerca de capital. É um ponto que está na agenda”, afirmou.

Segundo ele, um bom planejamento de capital cooperativista é muito bem-vindo. “Nos próximos dias e meses voltaremos a discutir esse assunto de capital, quem sabe olhando o reforço de capital em todo o sistema financeiro”, acrescentou.

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