Bolsa fecha em 147 mil pontos pela primeira vez e renova recorde pela 16ª vez no ano

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Bolsa brasileira bateu mais um recorde nesta terça-feira (28) ao fechar em 147.428 pontos, alta de 0,31% em relação ao pregão anterior.

O fechamento marca o 16º recorde do Ibovespa em 2025, segundo compilação da B3, e é também a primeira vez em que o índice atinge o patamar de 147 mil pontos na história.

Neste pregão, o mercado se posicionou à espera da decisão de juros do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), cuja divulgação está prevista para as 15h (horário de Brasília) de quarta-feira.

Investidores também monitoraram o desenrolar das negociações comerciais entre os governos do presidente Donald Trump e do líder chinês Xi Jinping, que devem se reunir na quinta-feira na Coreia do Sul.

O dólar, em resposta ao clima de espera, rondou a estabilidade durante boa parte do dia e firmou no negativo à tarde. Fechou em baixa de 0,17%, cotado a R$ 5,360.

“O movimento de hoje reflete um ambiente de menor aversão global ao risco e reforça apostas na continuidade do ciclo de desvalorização do dólar”, diz Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad.

Um dos principais catalisadores foi a perspectiva de juros menores por parte do Fed. Segundo a ferramenta CME Fed Watch, o mercado precifica quase 100% de probabilidade de uma nova redução de 0,25 ponto percentual na decisão de amanhã -mesma dose da última reunião, quando o corte levou a taxa à banda atual de 4% e 4,25%.

O Fed trabalha com um mandato duplo, isto é, baliza as decisões de política monetária a partir dos dados de emprego e de inflação. O objetivo é manter o mercado de trabalho aquecido e levar a inflação à meta de 2% ao ano.

O banco central, porém, tem sido forçado a escolher qual das duas pontas priorizar. O aumento dos pedidos de auxílio-desemprego tem sugerido que o mercado de trabalho continua esfriando, mesmo com a paralisação do governo atrasando a publicação da maioria das estatísticas econômicas oficiais, incluindo a taxa de desemprego, estimada pela última vez em 4,3% em agosto.

Ao mesmo tempo, leituras de inflação mostram que os preços ao consumidor estão acelerando. Na semana passada, o índice oficial do país mostrou que a inflação subiu 3% nos 12 meses até setembro.

Juros altos desestimulam o consumo, o que pode arrefecer o aumento dos preços, mas também restringem o mercado de trabalho. O inverso também é verdadeiro: juros baixos favorecem a empregabilidade, mas podem provocar um repique inflacionário.

Na última reunião, o Fed citou que o balanço de riscos estava mais desfavorável para o mercado de trabalho do que para a inflação, e, sob essa justificativa, cortou os juros em 0,25 ponto percentual. O cenário se mantém, disse o presidente da autarquia, Jerome Powell, em um discurso neste mês, levando os mercados a precificar mais um corte neste encontro.

“Um corte de juros em outubro está dado”, afirma Julia Coronado, fundadora da empresa de pesquisa MacroPolicy Perspectives e ex-economista do Fed. “Nada mudou a perspectiva de que ainda há riscos de queda no mercado de trabalho.”

Reduções nos juros dos Estados Unidos costumam ser uma boa notícia para os mercados globais. Como a economia norte-americana é vista como a mais sólida do mundo, os títulos do Tesouro, chamados de “treasuries”, são um investimento praticamente livre de risco.

Quando os juros estão altos, os rendimentos atrativos das treasuries levam operadores a tirar dinheiro de outros mercados. Quando eles caem, a estratégia de diversificação vira o norte, e investimentos alternativos ganham destaque.

Em relação ao Brasil, há ainda mais um fator que favorece os ativos domésticos: o diferencial de juros. Quando a taxa nos Estados Unidos cai e a Selic permanece em patamares altos, investidores se valem da diferença de juros para apostar na estratégia de “carry trade”. Isto é: toma-se empréstimos a taxas baixas, como a americana, para investir em mercados de taxas altas, como o brasileiro. O aporte aqui implica na compra de reais, o que desvaloriza o dólar.

Ainda, um possível acordo entre Estados Unidos e China também aumentou o apetite por ativos de risco nesta sessão. Trump afirmou que os dois países estão prontos para alcançar uma solução para o recente impasse sobre as exportações chinesas de terras raras, restringidas no começo do mês pelo governo Xi Jinping.

Trump, em resposta, ameaçou a imposição de sobretaxas de 100% sobre produtos chineses. Os dois líderes devem se encontrar na quinta-feira na Coreia do Sul.

“Tenho muito respeito pelo presidente Xi e acho que chegaremos a um acordo”, disse Trump nesta semana.

Na segunda, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, estiveram em uma ligação. Pequim espera encontrar um meio-termo com os americanos para “se preparar para interações de alto nível” entre os dois países, disse Wang Yi a Rubio, de acordo com um comunicado oficial do governo chinês.

Xi Jinping e Trump têm “intercâmbios de longa data e se respeitam mutuamente”, disse Wang, chamando o relacionamento entre Xi e Trump de “o ativo estratégico mais valioso nas relações entre a China e os EUA”.

As relações bilaterais podem avançar desde que ambos os lados estejam “comprometidos com a resolução de conflitos por meio do diálogo e abandonem a prática de exercer pressão à vontade”, acrescentou.

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