São Paulo, 7 de maio de 2025 – A Bolsa fechou em leve queda, praticamente estável, após adecisão do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em manter inalteradas as taxasentre a banda de 4,25% e 4,5% ao ano, como precificado pelos investidores. Somado a isso, as falasdo presidente do Fed, Jerome Powell, não trouxeram surpresas.
A autoridade monetária deve esperar por dados econômicos e efeito das tarifas de Donald Trumpna economia para as próximas reuniões. O mercado fica na expectativa para a definição da Selic ebalanços corporativos, depois do encerramento do pregão
Os investidores também avaliaram os resultados corporativos referentes ao 1T25. Após balanço,as maiores quedas do Ibovespa foram RaiaDrogasil (RADL3), Vamos (VAMO3) e Vibra (VBBR3), com quedasde 14,75%, 7,05% e 3,90%, respectivamente.
Na ponta positiva, Klabin (KLBN11) subiu 2,67% após resultados acima do esperado, impulsionadospelo bom desempenho do segmento de papel e embalagens. A concorrente Suzano (SUZB3), que apresentaseus números após pregão, avançou 1,58%.
O principal índice da B3 caiu 0,08%, aos 133.397,52 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento emjunho recuou 0,26%, aos 135.310 pontos. O giro financeiro foi de R$ 19,5 bilhões. Em Nova York, osíndices fecharam em alta.
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, disse que a decisão do Fed em manter osjuros veio “sem nenhuma novidade; o texto fala em risco para os dois lados do mandato duplo, tantoaumento de desemprego, quanto inflação mais alta. Isso abre espaço para quem aposta em corte dejuros, quanto para quem não vê espaço. Para o Fed, entre salvar a inflação ou salvar aeconomia, eles escolhem a segunda opção”.
Em relação à coletiva do Powell, Cruz disse “que não teve surpresa, ele não traz grandesrespostas, vai aguardar para ver qual será o efeito das tarifas, o que foi dito pelos dirigentes[do Fed] nas últimas semanas. Faltam mais de 40 dias para a próxima reunião do Fed [17 e 18 dejunho]. Se chegarem [EUA] a acordos com China e outros países, o país diminuiria um pouco apressão nas expectativas para inflação e ajudaria no trabalho do Fed para voltar a enxergar umainflação mais controlada e pensar em corte de juros. Ele [Powell] disse que achava improvávelaumento da inflação e do desemprego ao mesmo tempo”.
Ubirajara Silva, gestor de renda variável, disse que a decisão de juros e falas do Powell”não trouxeram novidades, por isso não mexeu com o mercado, à exceção do dólar que deve sermedo de um Copom menos duro. O que está chamando atenção e que acaba segurando o Ibovespa é atemporada de resultados que está sendo ruim. Após a divulgação dos resultados do 4T24, asempresas subiram; dessa vez, a maioria está sofrendo bastante, como vemos com Pão de Açúcar,Vamos e BBSeguridade. O balanço é um trigger para o fluxo virar. Hoje após o fechamento temBradesco e Copom”.
O economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori, comentou sobre a decisão do FOMC, antes dacoletiva do Powell: “Como esperado, o Federal Reserve manteve a taxa básica de juros americanainalterada entre 4,25% e 4,50%. A decisão deve ter pouco impacto sobre os preços dos ativos nomercado, que agora foca nas sinalizações do presidente do banco central, Jerome Powell, para ospróximos passos da política monetária, dadas as circunstâncias desafiadoras relacionadas àspolíticas econômicas recentes”.
Para Igliori, a situação é um desafio porque a inflação causada por tarifas é diferente deum aumento de preços por excesso de demanda. “A manutenção dos juros, neste contexto, sinaliza umvoto de confiança do banco central na força da economia americana, já que as condições demercado de trabalho e outros indicadores econômicos continuam estáveis, com exceção dacontração no PIB americano no primeiro trimestre – que ocorreu especialmente por conta de umaforte antecipação de importações relacionada aos efeitos das tarifas (importações são umasubtração no cálculo do PIB)”.
Mais cedo, Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, disse que o dia é de aversão aorisco antes da decisão do Fed e do Copom.
“O dia é de ansiedade entre os investidores. Os juros já estão precificados aqui, com aumentode 0,50 ponto porcentual (pp), e nos Estados Unidos a manutenção [banda entre 4,25% e 4,5%]. Omais relevante é a direção que os bancos centrais vão tomar para os próximos meses. O Fed aindaestá bastante resiliente a corte de juros, mas vejo plausível no segundo semestre. No Brasil,existe espaço de ele [Copom] sinalizar um ajuste residual adicional caso os dados [econômicos]permitam, ou seja, sobe 0,50 pontos, o que pode ser final do ciclo, mas com o cenário de fiscal,inflação e guerra comercial, pode deixar a porta aberta. Talvez não queira contratar um problemapara si. Diante de ansiedade, temos aversão ao risco-bolsa caindo e dólar se valorizando. Àtarde, tem o Fomc e a coletiva do Powell pode trazer volatilidade. À noite, é a vez do Copom. Omercado deve começar a elucubrar quando vai começar a cortar juros-final desse ano ou começo de2026”.
Soraia Budaibes e Cyanra Escobar (Safras News)
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