SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As principais Bolsas dos EUA e da Europa chegaram a cair mais de 2% nesta sexta-feira (1°) no dia seguinte ao anúncio de um pacote de tarifas de Donald Trump sobre vários países pelo mundo.
Nos EUA, os três índices já estavam em queda superior a 1% antes da abertura do mercado e houve uma acentuação neste quadro após a divulgação do relatório de emprego, que mostrou que a criação de vagas no país ficou abaixo do esperado e houve aumento na taxa de desemprego em julho.
O índice S&P sofreu seu maior declínio percentual diário em mais de dois meses, enquanto o índice de tecnologia Nasdaq sofreu sua maior queda percentual diária desde 21 de abril.
No final do dia, o Nasdaq fechou com perda de 2,24%, sendo o mais impactado. O S&P 500 registrou perda de 1,6%, enquanto o Dow Jones caiu 1,23%.
A desvalorização ficou maior depois que o Departamento do Trabalho anunciou que a economia do país abriu 73 mil vagas de emprego fora do setor agrícola em julho, bem abaixo dos 110 mil postos que eram esperados por consultores ouvidos pela agência de notícias Reuters.
A taxa de desemprego subiu de 4,1% em junho para 4,2% em julho, apontando para uma forte moderação no mercado de trabalho.
O crescimento do emprego desacelerou em meio à incerteza sobre onde os níveis das tarifas do presidente Donald Trump acabarão por se estabelecer. Na quinta-feira, Trump impôs tarifas pesadas a dezenas de parceiros comerciais antes do prazo final para um acordo comercial nesta sexta-feira, incluindo uma tarifa de 35% sobre muitos produtos do Canadá. O Brasil tem a maior delas, com 50%.
Com o resultado, os mercados financeiros já avaliam que um eventual corte na taxa de juros dos EUA pode ser adiado para outubro e não mais em setembro, quando ocorrerá o próximo encontro do Fed (Federal Reserve, o BC dos EUA).
Na última quarta-feira (30), a autarquia financeira manteve a taxa de juros entre 4,25% e 4,5%, o que irritou Trump, que voltou a criticar Jerome Powell, presidente do Fed, ao chamá-lo de “imbecil teimoso”. O mandatário dos EUA defende que os juros caíam três pontos percentuais.
Na Europa, o índice Stoxx600, referência na União Europeia, chegou a cair mais de 3% durante a sessão, recuperou parte das perdas e terminou em queda de 1,89%, encerrando a semana com a pior performance desde o começo de abril, quando Trump anunciou pela primeira vez um pacote mundial de tarifas.
As ações do setor de saúde perderam 1% depois que o presidente norte-americano, Donald Trump, enviou cartas aos líderes de 17 grandes empresas farmacêuticas, incluindo a Novo Nordisk e a Sanofi, descrevendo como elas deveriam reduzir os preços dos medicamentos prescritos nos EUA.
O setor já foi afetado esta semana pelo alerta de lucros da Novo Nordisk. A fabricante de Wegovy, listada na Dinamarca, recuou 1,8% e marcou sua maior queda semanal já registrada.
“Vimos durante a semana que empresas como a Novo Nordisk tinham problemas diferentes. A indústria farmacêutica europeia está muito próxima de seu ponto mais baixo e é por isso que não reagiu à incerteza em relação às tarifas e à política”, disse Anthi Tsouvali, estrategista de múltiplos ativos do UBS Global Wealth Management.
As outras grandes Bolsas da Europa também computaram perdas nesta sexta: Paris (-2,91%), Londres (-0,7%), Frankfurt (-2,66%), Milão (-2,55%) e Madri (-1,88%).
As Bolsas da China fecharam a sexta-feira também em desvalorização. O índice CSI300, que reúne as principais companhias listadas em Shenzhen e Xangai, caiu 0,51%, fechando a semana com perda de 1,75%, a pior performance desde o início de abril. Já o SSEC, de Xangai, teve perda de 0,37% no dia.