São Paulo, 31 de janeiro de 2025 – O Bradesco BBI divulgou uma relatório sobre as perspectivas deresultados do quarto trimestre de 2024 das empresas listadas no Ibovespa. A temporada de balançoscomeçará em 5 de fevereiro, com a divulgação do Santander Brasil, reportando antes da aberturado mercado, e, no fim do dia, será a vez do Itaú.
As estimativas de consenso preveem um declínio geral de 14% em relação ao ano anterior nos lucrosdo Ibovespa, principalmente devido a um desempenho mais fraco em relação ao ano anterior nossetores de energia, consumo discricionário e materiais básicos. No geral, espera-se que os lucrosdo setor doméstico cresçam 31% em termos homólogos, beneficiados por imparidades que deprimiram abase do quarto trimestre de 2023 e de uma economia ainda robusta. Enquanto isso, espera-se que 65s empresas do Ibovespa apresentem lucros anuais mais elevados.
Do lado negativo, os analistas do BBI esperam que os lucros das empresas de materiais básicos caiamcerca de 90% em relação ao ano anterior devido a eventos pontuais e/ou não monetários.Especificamente sobre a mineradora Vale, essa estimativa de lucro considera um impacto de R$0,40/ação relacionado ao acordo para renovar as concessões ferroviárias de Carajás e VitóriaMinas, enquanto os números da Suzano incluem perdas cambiais de até R$ 11/ação. Do ladopositivo, o setor de serviços públicos deverá ter crescimento de 70% nos lucros em relação aoqaurto trimestre de 2023, principalmente devido a estimativas mais altas para Eletrobras e CPFL.Tanto o consenso como o Bradesco BBI esperam que os lucros domésticos cresçam 30-35% em termoshomólogos, impulsionados por uma economia ainda forte. Já para o PIB brasileiro, a previsão éuma alta de 4,4% no 4T24.
A equipe econômica do Bradesco acredita que as taxas de juros subam para mais de 15% e que aeconomia brasileira entre em recessão técnica no segundo semestre deste ano. Como isso, asestimativas de lucros do setor doméstico para 2025 precisam ser ajustadas diante desta novarealidade. A atual previsão de 12% alinha-se agora com o múltiplo de longo prazo de 1,7x docrescimento nominal do PIB (7%), com os riscos descendentes mais centrados nas estimativas para2026, dadas as taxas de juros restritivas.
“Vemos a divergência da próxima temporada de resultados do 4T24, com lucros robustos, mas tambémuma orientação provavelmente negativa da empresa, como sendo um evento neutro para o Ibovespa.Além disso, de forma contra-intuitiva, saudaríamos a desaceleração dos lucros como um sinal deque o Banco Central do Brasil está conseguindo arrefecer o crescimento econômico e a inflação,ao mesmo tempo que abre a porta para cortes nas taxas no quarto trimestrde de 2025. Isto poderáconduzir a uma recuperação no segundo semestre, liderada pelas valorizações e pela moeda, e auma forte rotação dos investidores de defensivos para cíclicos, o que deverá, portanto,compensar o crescimento mais lento dos lucros”, conclui o relatório do Bradesco assinado pelosanalistas Pedro Grimaldi e Ben Laidler.
Emerson Lopes – emerson.lopes@cma.com.br (Safras News)
Copyright 2025 – Grupo CMA