SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Brasil sai mais uma vez do Mapa da Fome, Taurus está atirando para todos os lados, H&M faz desembarque em grande estilo no Brasil e outros destaques do mercado nesta terça-feira (29).
**TCHAU, MAPA DA FOME**
Depois de um período de retrocessos nesta frente, o Brasil saiu do Mapa da Fome mais uma vez.
Menos de 2,5% da população brasileira estave em risco de subnutrição ou sem acesso à alimentação suficiente de 2022 a 2024.
Calculado pela FAO, agência da ONU para Alimentação e Agricultura, o índice é medido em triênios períodos de três anos.
VOLTANDO A FITA
O país saiu pela primeira vez da estatística em 2014, mas voltou a figurá-la no triênio de 2019 a 2021.
Segundo dados da FAO, o percentual de pessoas que passaram fome ficou em 3,4% no triênio encerrado em 2021 e subiu para 4,2% no período até 2022.
Para ficar fora do Mapa da Fome, o chamado PoU (sigla em inglês para prevalência de subnutrição) precisa ficar abaixo de 2,5% no período de aferição.
Alguns pesquisadores criticaram o desmonte de políticas de segurança alimentar no país nos anos que antecederam a entrada no índice, enquanto outros apontaram a pandemia de Covid-19 como o fator principal para o aumento da subnutrição.
PROMESSA É DÍVIDA (?)
Uma das bandeiras levantadas por Lula na campanha presidencial em 2022 foi a saída do Brasil do Mapa da Fome até 2026, último ano do atual mandato.
Em 2023, o indicador já mostrava leve melhora, caindo para 3,9%. Ainda assim, o dado significa que 8,4 milhões de pessoas passaram fome no Brasil no período.
Agora, o percentual ficou abaixo de 2,5% novamente quando isso acontece, os números absolutos não são informados, segundo a ONU.
O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias, atribui a melhora dos indicadores brasileiros ao plano Brasil Sem Fome, lançado em agosto de 2023.
A estratégia engloba políticas de transferência de renda (entre elas o Bolsa Família), aquisição de alimentos e incentivo à agricultura familiar.
↳ O governo discute lançar mais programas sociais até o fim do mandato, mas os gastos do Planalto já causam conflito. Leia mais sobre a briga pelo Orçamento aqui.
**ATIRANDO PARA TODOS OS LADOS**
Quando a sobrevivência entra em jogo, o que antes parecia improvável pode se tornar inevitável pelo menos na cabeça de alguns. A Taurus, maior fabricante de armas de fogo do Brasil, está procurando um caminho para sair sem ferimentos da guerra comercial.
A empresa está cogitando transferir suas operações para os Estados Unidos caso as sobretaxas de 50% a produtos brasileiros entrem em vigor em 1º de agosto (esta sexta-feira, caso o leitor esteja perdido no calendário).
POR QUÊ?
A possibilidade de transferência de operações e a proximidade do fim do prazo são notícias “muito ruins para as ações da empresa”, diz Virgílio Lage, especialista da Valor Investimentos.
A Taurus exporta em torno de 60% da produção para os EUA, fora as fábricas que possui na Geórgia e que são dependentes de algumas peças exportadas do Brasil. Seria uma taxação dupla, explica Lage.
As ações da companhia despencaram 7,87% no pregão da B3 de ontem, cotadas a R$ 4,80.
FAZENDO AS MALAS
O fim das atividades no país poderia levar à demissão de cerca de 15 mil pessoas, entre funcionários contratados e terceirizados de empresas parceiras boa parte atua na fábrica em São Leopoldo (RS), município da região metropolitana de Porto Alegre.
Para Salesio Nuhs, CEO da fabricante, não é uma ameaça, mas uma solução de emergência.
Se realmente perdurar [a taxação], várias empresas e vários segmentos no Brasil ficarão inviabilizados. Não significa simplesmente diminuir a margem, e sim inviabilidade total, diz.
DE QUEM É A CULPA?
Para Nuhs, de falhas graves na diplomacia brasileira. A carta enviada pelo Brasil em maio, quando as tarifas para o país estavam em 10%, não foi respondida pelo governo Donald Trump o que o executivo considera uma “tragédia”.
↳ Segundo o governo, há tentativas de negociação não respondidas pelos americanos. O líder do governo no Senado afirma que pediu a George W. Bush, ex-presidente dos EUA, que abrisse o diálogo entre Lula e Donald Trump.
**DESEMBARQUE EM GRANDE ESTILO**
Fashionistas brasileiros de classe média, uni-vos, chegou a boa nova. A H&M, varejista que faz sucesso entre os jovens gringos, desembarca no Brasil com duas lojas segundo a marca, com a missão de levar a moda para as massas.
Quem? A H&M é uma das maiores varejistas de roupa do mundo e ajudou a criar e popularizar o fast fashion.
A moda rápida é um modo de produção que fabrica coleções de forma rápida e barata. Por um lado, torna as tendências fashion acessíveis para mais pessoas. Por outro, gera um excesso de desperdício de peças e desgaste da mão de obra.
De origem sueca, a rede tem mais de 4.200 lojas em 75 países, número que cresce com a chegada no Brasil.
MARQUE NO CALENDÁRIO
A primeira H&M no Brasil abre dia 23 de agosto, no shopping Iguatemi, em São Paulo, com uma seleção de moda feminina, acessórios e roupa íntima. O e-commerce entra no ar na mesma data.
Em 4 de setembro, um ponto de venda no shopping Anália Franco será inaugurado, com peças femininas, masculinas e infantis.
Estão previstas ainda lojas nos shoppings Morumbi, em São Paulo, e Parque Dom Pedro, em Campinas, mas sem datas de abertura anunciadas.
NA PONTA DO LAPIS
Ainda que se posicione como uma marca que atende os 99%, e não os 1% mais ricos do mundo, o preço das peças não é tão diferente do que já é encontrado no varejo de moda brasileiro.
Um vestido da coleção básica da H&M no Brasil vai custar a partir de R$ 199,90, mais barato do que na Zara, mas mais caro do que na Renner, por exemplo, onde a mesma peça começa em R$ 139,90.
Em pé de igualdade. O Brasil vai receber as mesmas coleções da Europa, porém seguindo as estações locais, afirma Linda Schultz, chefe do design de roupas femininas da H&M. As araras daqui terão as peças de primavera e verão 2025, lançadas no hemisfério norte no primeiro semestre.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
Otimismo. Os índices americanos S&P 500 e Nasdaq atingiram máximas recordes ontem depois do acordo comercial entre EUA e União Europeia.
Ou pessimismo. O euro, por outro lado, registrou a maior queda desde maio com o tratado.
Problemão nos imóveis. O financiamento para a construção de imóveis despencou 63% e a queda ameaça novos lançamentos, na avaliação da Cbic (Câmara Brasileira da Indústria da Construção).
Mudando de casa. Os acionistas da Wise, fintech britânica que oferece câmbio facilitado, aprovaram transferência da listagem da Bolsa de Valores de Londres para a de Nova York.
Do Brasil para o mundo. A Shopee fechou um acordo com a ApexBrasil para capacitar micro e pequenas empresas brasileiras a atuarem no exterior.