[AGÊNCIA DC NEWS]. Nas últimas divulgações do ano, nesta sexta-feira (27), tanto a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua, IBGE) como o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged, Ministério do Trabalho e Emprego) continuam apontando resultados positivos no mercado de trabalho. A Pnad, por exemplo, mostra a menor taxa de desemprego da série histórica (iniciada em 2012) e número recorde de ocupados (103,9 milhões, +1,4 milhão em 12 meses). Mas quase 40% desses trabalhadores estão na informalidade. A pesquisa também revela que o número de informais está em seu maior nível, atingindo 40,3 milhões de pessoas – 38,7% dos ocupados. A proporção é pouco menor que a de igual período de 2023 (39,2%) porque a ocupação cresceu nesse período. Mas, apesar do panorama geral positivo, o país segue criando empregos sem proteção e de baixa remuneração.
A avaliação da coordenadora de Pesquisas Domiciliares do IBGE, Adriana Beringuy, ratifica esse cenário. “O ano de 2024 caminha para o registro de recordes na expansão do mercado de trabalho brasileiro, impulsionado pelo crescimento dos empregados formais e informais”, afirmou. No trimestre encerrado em novembro, o número de empregados com carteira assinada no setor privado (39,1 milhões) foi recorde, crescendo 3,7% no ano (+1,4 milhão). Mas o número de empregados sem carteira (14,4 milhões) sobe mais: 7,1%, o equivalente a um acréscimo de 959 mil. Já o total de trabalhadores por conta própria (25,9 milhões) fica estável, assim como o de trabalhadores domésticos (6 milhões). O número de empregados no setor público (12,8 milhões) também é recorde, com alta anual de 5,6%.
Ainda no trimestre encerrado em novembro, a taxa de desocupação recuou para 6,1%, a menor da série. O percentual equivale a 6,8 milhões de pessoas à procura de emprego, o menor contingente desde dezembro de 2014. São 1,4 milhão de pessoas a menos em um ano. Segundo o IBGE, a taxa está 8,8 pontos percentuais abaixo do recorde da Pnad (14,9% em setembro de 2020, durante o período da pandemia). E o número de desempregados fica 55,6% abaixo do recorde (15,3 milhões, no primeiro trimestre de 2021). Os desalentados (aqueles que desistiram de procurar emprego) agora são 3 milhões, menor número desde abril de 2016, -10,3% no ano.
Em relação a igual período de 2023, sete atividades registram crescimento na ocupação, com 3,5 milhões de trabalhadores a mais. Entre essas atividades, está a de Comércio e Reparação de Veículos, que cresceu 3,6% no período e e teve acréscimo de 692 mil pessoas. Esse setor fica próximo de atingir a marca de 20 milhões de ocupados pela primeira vez. Está agora no seu maior nível da série, com 19,7 milhões no setor.
Além do emprego, o rendimento médio também cresceu em 12 meses: 3,4%, para R$ 3.285. E a massa de rendimentos registrou novo recorde, somando R$ 332,7 bilhões, alta anual de 7,2%. Apenas no Comércio, a elevação foi de 3,9% na comparação com 2023 – rendimento de R$ 2.708.
Taxa de desocupação – Brasil – 2012/2024
CARTEIRA – Já o Caged, que registra apenas o emprego com carteira, teve 106,6 mil novos postos de trabalho em novembro, entre admissões (1,98 milhão) e desligamentos (1,87 milhão). No ano, o saldo é de 2,2 milhões de vagas formais. O destaque no mês passado foi o Comércio, com 94,6 mil vagas, principalmente no varejo de vestuário e acessório (21,9 mil), mercadorias em geral – com predominância de alimentos (15,1 mil) – e calçados (10,6 mil). Em 2024, o setor abre 358,9 mil empregos com carteira (+3,5%), no melhor saldo dos três últimos anos. O estoque agora é de 10,6 milhões, de um total de 47,7 milhões.
No recorte por gênero, o número de empregos criados para homens e mulheres é equivalente. Do total de 2024 (2,2 milhões de vagas abertas), 1,3 milhão estão na faixa de 18 a 24 anos e 1,6 milhão se concentram em pessoas com ensino médio completo. Já o resultado de novembro mostra que os empregos se concentraram apenas nas faixas de menor renda: 142,2 mil vagas de 1 a 1,5 salário mínimo e 23,7 mil até um mínimo. Nas demais, houve retração.