[AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DC NEWS]
O BTG apontou, em relatório, o marketing de afiliados como a principal tendência global do e-commerce – que também começa a ganhar força também no Brasil. O documento usa os Estados Unidos como exemplo desse mercado e projeta que as vendas, originadas em canais de afiliados, devem ultrapassar US$ 287 bilhões até 2027 no país. Os dados são da empresa de pesquisa eMarketer. Crescimento exponencial – de quase 24 vezes –, visto que a projeção para 2025 é de US$ 12 bilhões. O documento evidencia que o modelo, impulsionado pela inteligência artificial, está deixando de ser um canal marginal de desempenho para se tornar peça central na jornada digital do consumidor brasileiro. Isso acontece à medida que assistentes de busca e recomendação com inteligência artificial passam a intermediar compras. No Brasil, pesquisa da Awin, uma das principais plataformas globais do setor, revelou que 45% dos lojistas nacionais utilizam programas de afiliados em alguma medida.
O fenômeno é definido como uma revolução dos afiliados movida por IA, com potencial para remodelar o comércio eletrônico mundial. O relatório do BTG projeta que, até 2027, as vendas originadas em canais de afiliados devem atingir o equivalente a US$ 1 em cada US$ 7 gastos online. Esse avanço é impulsionado pela expansão de assistentes de compra e de mecanismos de recomendação baseados em linguagem natural, como o ChatGPT, que já incorporam aplicativos de terceiros e funções de checkout direto nas conversas. A tecnologia integra descoberta de produtos, comparação e compra em um mesmo ambiente, fundindo as fronteiras entre mídia, marketing e comércio eletrônico.
O movimento é uma inflexão estrutural: ao priorizar campanhas com retorno comprovado, as empresas passam a ver o marketing de afiliados como uma extensão da operação comercial, e não somente como um instrumento publicitário. No Brasil, o contexto reforça esse potencial. Segundo dados da Awin, empresas com até 100 funcionários já colhem resultados: a cada R$ 1 investido no canal, chegam a faturar até R$ 18 em vendas. O retorno médio sobre o investimento, de 18:1, supera o de grandes companhias, que registram cerca de R$ 12 por real investido. Em 2024, 42% dos anunciantes da base da Awin no Brasil já eram de pequenos negócios. Desse total, 60% estão investindo pela primeira vez em marketing de afiliados.
O BTG observa, contudo, que a maturidade do modelo dependerá da capacidade das plataformas de combinar tecnologia, logística e pagamento. Na América Latina, o Mercado Livre é citado como o grupo mais avançado nesse processo. Seu programa de afiliados e criadores oferece comissões de até 16% no Brasil e 24% no México, integrando operações de logística (Mercado Envios), pagamentos (Mercado Pago) e publicidade (Mercado Ads), em um ecossistema fechado. Essa estrutura permite capturar mais valor por transação e reduzir dependência de intermediários, segundo o relatório.
O estudo também destaca que Amazon e Shopee seguem com vantagem em infraestrutura e alcance global, mas precisarão adaptar suas estratégias de mídia e descoberta à ascensão de modelos mediados por IA. Para o banco, a revolução dos afiliados está no início, mas deve definir as novas fronteiras de competitividade do varejo digital. “Estão confundindo os limites entre comércio conversacional, pesquisa e marketing de desempenho”, afirmou o banco. “Com isso, estão potencialmente movendo afiliados para uma posição central nos ecossistemas de comércio digital.”