São Paulo, 25 de julho de 2025 – A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou que osaldo total da carteira de crédito deve crescer 0,7% em junho, fazendo com que o ritmo de expansãoanual da carteira desacelere de 11,8% para 10,9%. A Pesquisa Especial de Crédito da Febrabanmostrou que essa redução de ritmo se deve ao fraco desempenho do crédito livre às empresas, quedeve avançar apenas 0,2% no mês, bem abaixo do registrado em junho de 2024, quando houve aumentode 3,4%.
“Tradicionalmente, o mês de junho apresenta uma sazonalidade positiva nas linhas de desconto derecebíveis, mas parte desse movimento foi antecipada para maio devido às mudanças previstas noIOF sobre operações de risco sacado, que vigorariam a partir de 1º de junho. O que se verifica éque as empresas recorreram a essas linhas antes da alteração, deixando um efeito base elevado emmaio e resultando em um número mais fraco para junho”, afirmou Rubens Sardenberg, diretor deEconomia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban.
“Ao mesmo tempo, a sinalização de alterações no IOF parece também ter reduzido o interesse poressa linha, dado que seu custo subiria consideravelmente. Como consequência, o ritmo de expansãoanual da carteira livre para pessoas jurídicas, em junho de 2025 ante 2024, deve mostrar umadesaceleração significativa, passando de 8,5% para 5,1%, explicando quase que integralmente adesaceleração da carteira total”, completou o diretor.
Em outra direção, impulsionado pelos programas públicos, o crédito direcionado para empresasdeve crescer 1,1% no mês, mantendo o ritmo de expansão anual da carteira em um patamar bastanteelevado, em 15,2% (ante 15,3%).
No crédito às famílias, a carteira Livre deve avançar 1,0%, mantendo o ritmo de expansão anualpraticamente estável, em 12,9% (ante 12,8%), e em forte patamar. Já a carteira PF Direcionada(+0,5%) deve seguir sustentada pelos financiamentos imobiliários, mas com novos sinais deacomodação no ritmo de crescimento, recuando de 11,8% para 11,4%.
Concessões
As concessões de crédito devem apresentar alta mensal de 4,6% em junho. Ajustando pelo número dedias úteis, o resultado representa uma ligeira expansão de 0,2% na margem. A relativa estabilidadeno mês (com ajuste de dias úteis) deve refletir o maior volume destinado às famílias (+2,6%),compensada pela retração das operações destinadas às empresas (-2,6%).
Na comparação com junho de 2024, que elimina efeitos sazonais, o resultado indica uma alta deapenas 2,3%, número bem mais fraco do que o avanço observado nos últimos meses, na casa de doisdígitos. No acumulado em 12 meses, o ritmo de crescimento das concessões deve desacelerar de 14,1%para 13,2%, reforçando os sinais de acomodação do crédito no período.
No geral, os dados do estoque de crédito de junho, de acordo com a pesquisa, sinalizam umadesaceleração mais perceptível no ritmo de expansão do crédito. Essa perda de fôlego, contudo,foi puxada principalmente pelas operações para as empresas, que se anteciparam às mudanças noIOF sobre operações de risco sacado, além de uma aparente queda da demanda, provavelmente tambémem função da medida.
Por outro lado, as operações com recursos direcionados para as empresas seguem robustas,sustentadas pelos programas públicos, suprindo parte relevante da demanda por crédito dasempresas. Já o crédito às famílias segue demonstrando resiliência, mantendo-se em ritmo elevadode expansão, sustentado pelo mercado de trabalho aquecido.
“Assim, embora se espere uma desaceleração mais ampla do crédito em função da políticamonetária restritiva, o dado de junho parece refletir, sobretudo, o efeito associado à alteraçãodo IOF. Será necessário acompanhar os próximos meses para confirmar se a desaceleraçãoobservada se mantém como tendência e em qual magnitude, em especial agora que, exceto em relaçãoao risco sacado, a elevação do IOF foi ratificada pelo STF”, completou Sardenberg.
Copyright 2025 – Grupo CMA