SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com taxa de desconto de 21,30% no valor do pedágio, o Consórcio Infraestrutura PR, composto por EPR Participações e fundo de investimento Perfin, venceu o leilão do lote quatro de rodovias no Paraná. O certame foi realizado na tarde desta quinta-feira (23), na B3, em São Paulo.
O maior lance foi dado em viva-voz. O consórcio havia oferecido 18,52% de deságio, menos que a Reue Rodovias Holding (21,20%). Mas devido à diferença entre as propostas, o leilão foi decidido em ofertas das corretoras que representavam as empresas. Também fizeram lances a Motiva (9,14%) e a portuguesa Mota-Engil (6,23%).
Com 672,52 km de extensão, o leilão representou o antepenúltimo lote de concessões de rodovias feitas pelo governo do Paraná. Para as rodovias concedidas nesta quinta-feira, estão previstos investimentos de cerca de R$ 18 bilhões pelos 30 anos de contrato. Serão 231 km de duplicações, 87 km de faixas adicionais e 39 km de contornos, além de correções de traçados, construções de passarelas, caixas de contenção de produtos perigosos, barreiras acústicas e passagens de fauna, entre outras obras.
Os envelopes foram entregues na última segunda-feira (20) também na sede da B3. A previsão é que os contratos sejam assinados até fevereiro de 2026 e a duração será de 30 anos. O pacote inclui trechos das rodovias federais BR-272, BR-369 e BR-376, além das estaduais PR-182, PR-272, PR-317, PR-323, PR-444, PR-862, PR-897 e PR-986.
As estradas leiloadas conectam as regiões norte, oeste e noroeste do Paraná, ligando a fronteira com o Paraguai de um lado, e a divisa com São Paulo no outro.
A concessão não contemplava valor de outorga. Venceu quem ofereceu o maior desconto na tarifa. Mas pelas regras do Ministério dos Transportes para PPIs (Programa de Parcerias e Investimentos), quando o deságio é superior a 18%, a empresa que recebe a concessão deve fazer um aporte adicional, de valor ainda a ser determinado. O dinheiro deve ser usado na própria concessão para assegurar a execução das obras ao longo da rodovia.
Parte delas representa corredor logístico para escoamento da produção de milho, carnes, soja, e insumos industriais. A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) estima que a melhoria na infraestrutura das rodovias pode reduzir o custo logístico a mais de 10%, a depender da calibragem das tarifas de pedágio.
Os seis lotes entregues à iniciativa privada vão somar 3.368 km. O investimento total esperado é de cerca de R$ 60 bilhões.
A ser leiloado na próxima semana, o lote 5 vai englobar 430 quilômetros de rodovias, com investimentos previstos de R$ 11,7 bilhões em obras e manutenção.
A ideia do governo paranaense, com os leilões, era enterrar o que foi chamado de “anel de integração”, rodovias pedagiadas que ficaram marcadas por problemas contratuais e reclamações de usuários.
O governador Ratinho Júnior (PSD) foi um dos maiores críticos do modelo. “Assunto pedágio foi muito usado contra a população do Paraná. Eram os pedágios mais caros do Brasil, sem ter obra. Construímos uma proposta para o governo federal de juntar as rodovias estaduais e federais para fazer um grande pacote. Um projeto que se transformou no maior plano de concessões de rodovias da América Latina”, disse o governador.